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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Crónicas de um jovem sem futuro (X)

Rui C Pinto, 06.09.11

Diz que o governo tem aplicado medidas duras para combater a crise orçamental do estado.

Diz que são medidas impopulares.

Diz que são aumentos de impostos e dos preços.

Tudo a aumentar e os salários na mesma.

Toda a gente a perder poder de compra.

 

Ora, eu sou do tempo em que se identificou em Portugal um problema estrutural. Esse problema estrutural consistia no facto de todos os portugueses, regra geral, viverem muito acima das suas capacidades. Ora, meus amigos e caros concidadãos: quer a mim parecer que a solução para o problema não passaria certamente por mais forrobodó... Quer a mim parecer que a solução para o problema só poderia passar por um aperto de cinto real, isto é, um aperto de cinto que nos confronte com as reais necessidades financeiras do Estado. Convenhamos que o acerto de receita a que o Estado procedeu corresponde, grosso modo, à diferença do corte do défice para este ano. Isto é, os portugueses estão a pagar o extra que era pago por quem nos emprestava dinheiro. 

 

Eu não sou insensível ao aumento de impostos, tão pouco me é indiferente o facto de cada vez mais portugueses enfrentarem necessidades básicas que julgávamos terem sido supridas há muito. Infelizmente vamos tomar consciência da realidade. Uma realidade de pobreza que durante anos escondemos vagamente a custo de um défice crónico. Uma pobreza que é crónica. Porque assenta na disparidade entre ricos e pobres. E isso deve-se à fossilização da estrutura social promovida por uma classe média (classe baixa que sustenta o "média" a crédito) que olha para trás, uma classe média que ainda se lembra da pobreza e que, por isso, está mais preocupada em evitar voltar à pobreza que prosperar. Esta classe média contentou-se com uma escola dita pública que educa e forma mal, contentou-se com um serviço de saúde que presta bons cuidados de saúde mas que é moroso e burocrático, contentou-se com a um Estado omnipresente que a protege mas que lhe presta um mau serviço.

 

É claro que os impostos aumentaram. Aumentaram o necessário para que tenhamos dinheiro para honrar os compromissos inscritos no Orçamento para 2011. E é claro que no corrente ano e no próximo a única solução orçamental credível seria por via da receita. Só o Orçamento de 2012 pode dar uma indicação clara da estratégia do Governo para cortar na despesa. Mas atenção. Não tenham ilusões do que ai vem. Os que agora criticam os aumentos de impostos para pagar o Estado que criámos e os benefícios que nos dá, são os mesmos que vão bradar aos céus quando se anunciarem os cortes na despesa que querem dizer desde logo menos comparticipações na Saúde, na Educação, nos subsídios, etc., etc., etc. Porque, sobretudo, o que os portugueses não querem encarar é que vão mesmo ter que pagar do seu bolso o real custo do Estado que criaram.

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