Fiquei sem fome...
Ainda não tinha tido oportunidade de escrever sobre a última iniciativa “7 Maravilhas”, desta vez culinárias. Procuravam-se até dia 7 de Setembro, os melhores sete pratos da gastronomia portuguesa partindo de 70 candidaturas seleccionadas pelo júri, submetidos a uma votação inicial do público que destacou vinte e cinco pratos que chegaram à final. A lista dos vencedores não deixa de me desiludir (alheira de Mirandela, queijo da Serra da Estrela, caldo Verde, arroz de marisco, sardinha assada, leitão da Bairrada e Pastel de Belém). Não é que não sejam extremamente apetitosos, mas sua vulgaridade e falta de originalidade aniquila a possibilidade que tínhamos de promover uma cultura gastronómica única.
Os pratos vencedores, supostamente associados a uma região, podem ser de qualquer zona do país e até do mundo. A sardinha assada de Lisboa e Setúbal? É um peixe que existe em toda a costa portuguesa! Arroz de marisco de Leiria? What!? O arroz de marisco pode ser tanto de Leiria como da América do Sul, como do Sul de França. Caldo Verde é de Entre o Douro e Minho? Nem sabia, pensava que era da cozinha da minha avó…
O sentido educativo que podia ser estimulado ao tentar-se promover verdadeiros pratos regionais pouco conhecidos não foi, na minha opinião, atingindo e o resultado está num top 7 que reflecte o voto urbano e desenraizado, provado numa prolongada hora de almoço no centro comercial mais próximo.

O que vale é que estas votações só servem para alimentar os programas da tarde da RTP e passado uns tempos já ninguém se lembra, tal como o facto do Grande Português ser António de Oliveira Salazar com 41% dos votos.