Castelos de areia

Em Julho, com grande pompa e circustância, a União Europeia proclamou um problema resolvido: a Banca.
Tinham-se efectuado "testes de stress" a todos os Bancos Europeus. A análise tinha identificado as "crianças problemáticas". Alguns - "mais cinicos" - chamaram ao exercicio de um "Exercicio de Relações Públicas e má contabilidade".
Neste espaço, eu por exemplo comentei, num post dum companheiro de blog:
(...)
Por exemplo, o terem mitigado os testes assumindo que os bancos iam levantar mais capital (ou seja, passaram, com o capital que supostamente lá vão ter até 2012 mas ainda não têm). Em Portugal, por exemplo, o BCP falhava.
Adicionar a isto outros "factores mitigantes" como ajudas dos Governos (sim, foram contabilizadas para o futuro), poucos haircuts à dívida.
Estas medidas contabilizam 14.3 bln em provisões fantasma, e 28 bln em "acções futuras" - aka, dinheiro que tecnicamente não está no capital do bancos neste momento!
Tirem estes valores, e o shortfall global é de 50 bln Eur, com 18 instituições a falhar. Para referencia, o resultado foi só "2.5 blns Eur". (e por acaso, as imparidades e provisões da dívida grega não fazem sentido...).
Juntem a isto que nenhum dos activos em "hold to maturity" foi testado (a mais velha brincadeira contabilística de 2007!), ou seja, retirou-se da mesa o facto de o sector bancário de alguns países estar a financiar os respectivos Estados que lhes dão as garantias, porque mais ninguém compra as obrigações.
(...)
O stress da verdade... tudo o resto é conversa
Demorou 3 meses a cair a mascara. O Dexia - um banco franco-belga - está ligado às maquinas. Razão? Exactamente as expostas acima. Curiosamente, o Dexia não fazia parte das "crianças problemáticas". Muito pelo contrário, tinha passado os testes com distinção.
Agora, fala-se de recapitalização da Banca Europeia. Atiram-se números para o ar... 100... 120... 150 mil milhões de euros. Veremos. Mas tenha-se noção do seguinte: Qualquer iniciativa de recapitalização vai acarretar uma descida do crédito concedido pelos bancos.
E de preferência, façam um favor à malta e não sigam o exemplo americano. o TARP, dos senhores Paulson e Geitner, foi um desastre de risco moral.