Crónicas de um jovem sem futuro (XII)
... a propósito deste e deste post...
"Mais de metade dos jovens com menos de 25 anos ganha menos de 500 euros, assim como um quarto dos jovens entre os 25 e os 34 anos, sobretudo porque têm empregos precários e de baixa qualificação.", daqui.
O problema é conhecido de todos. Não é novidade para ninguém. Portugal continua a ter um atraso estrutural no que toca a qualificações, mas sobretudo no que toca ao seu sector produtivo. É aí que está a nossa chaga social: uma economia débil, pouco transformadora e que acrescenta muito pouco valor. É estrutural. Não temos indústria, temos empresários. Gente que compra fora para vender cá dentro sem acrescentar qualquer valor. Gente sem qualquer responsabilidade social que se limita a tirar a sua comissão e sustentar o seu salário. É isto. Está mal. Também tenho muitos empresários na família. Gente bem sucedida que gera emprego. Esses que fazem a economia andar para a frente. Um é o representante em Portugal da marca X. Uma empresa que emprega cerca de 50 pessoas. Um sucesso. Recruta essencialmente nos centros de emprego, claro está. Gente que ganha miseravelmente. Gente que está no grau zero da sua liberdade. Gente que aceita ou um emprego miserável, ou a miséria do desemprego. Tanto se lhes dá, tantas vezes... Emprega 10, ao fim de seis meses despede e volta a recrutar outros 10. Quando a empresa prospera e lucra descapitaliza-se comprando carros de luxo a leasing. O empresário tem de andar de BMW série 7... Quando a empresa definha com prejuízo despede-se meia dúzia porque os tempos são de crise. Esta economia e estes empresários não interessam ao país. Isto é gente que parasita o país.
A única forma de rasgarmos estas amarras da miséria endémica, que é económica mas sobretudo ética e moral, está nos bancos das escolas. É nos bancos das escolas que se dão as ferramentas necessárias para que possamos fugir à escravatura da miséria, essa escravatura da sujeição que nos vai consumindo a liberdade.