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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Quem és tu?

Essi Silva, 05.02.12

 

I think we've been through a period where too many people have been given to understand that if they have a problem, it's the government's job to cope with it. 'I have a problem, I'll get a grant.' 'I'm homeless, the government must house me.' They're casting their problem on society. And, you know, there is no such thing as society. There are individual men and women, and there are families. And no government can do anything except through people, and people must look to themselves first. It's our duty to look after ourselves and then, also to look after our neighbour. People have got the entitlements too much in mind, without the obligations. There's no such thing as entitlement, unless someone has first met an obligation.

 

 

Com 21 anos tudo parece muito certo e determinado. Pensamos que temos a vida toda estudada, que já aprendemos tudo. Chiça! Pensamos que sabemos até mais que os outros.

 

"Quem sou eu? Quem quero ser?" são as perguntas que vos aconselho a fazer.

 

Maior parte de nós foi formatada pelos nossos pais que um canudo é tudo. Um diploma é tudo aquilo por que deveremos lutar. É a chave de todas as portas. Hoje, a mensagem muda, com canções como a de Boss AC ou dos Deolinda, a colocarem em dúvida o valor de um diploma, de estudos académicos.

 

Estamos em crise. A mensagem muda porque as coisas se tornaram mais difíceis. A mensagem não deveria ser "escolhe outro caminho porque melhorando as tuas capacidades continuas a não ir a lado nenhum". Deveria sim ser um "luta, como os teus avós ou pais estudaram para ser alguém".

 

Não interessa só ter um diploma. Nem interessa só ganhar dinheiro.

Interessa também termos valores: em especial o da solidariedade.

 

Num estudo do Instituto de Ciências Sociais relativo às atitudes dos portugueses perante a desigualdade e os chamados direitos sociais, com dados publicados aqui pelo Público, concluiu-se que os jovens são o grupo que menos empatia mostra para com as dificuldades sentidas pelos mais pobres neste cenário de crise.



Será devido ao tempos passado nos centros comerciais? Será devido aos iPhones? Será por, ao contrário das gerações anteriores aos anos 80, não terem de trabalhar a partir dos 10 anos? É um problema de falta de valores incutidos na própria família?

 

Se é, pela justificação destacada no artigo, por "os jovens têm pela frente uma vida de enormes incertezas. Estão muito preocupados com eles próprios e daí a menor solidariedade com os pobres", ou por receio pela concessão de apoios aos pobres e fim das prestações sociais para jovens, a ideia parece-me aberrante.

 

Há semanas atrás, outro estudo do ICS revelava que 64,4% dos inquiridos estavam descontentes com a qualidade da democracia, ou a democracia em si.

Eu pergunto-me se a justificação para esta percentagem tão significativa se deveu ao receio da perda de direitos, nomeadamente sociais; ou devido à percepção, que ter muitos direitos sem lutar verdadeiramente por estes nos fez um país pior.

 

A vida sem obstáculos seria aborrecida. Um país no qual se tem muitas garantias com o menor do esforço nunca pode funcionar.

 

Devemos mais ao Estado e seguramente devemos mais a nós próprios.

Não é mais dinheiro. Não é um carro melhor.

Mas sim sermos pessoas melhores. Darmos valor às coisas pelo esforço que temos para as atingir e não por estarmos a perder algo que nunca fizemos nada para ganhar.

 

Quais foram os direitos fracturantes, pelos quais a minha geração foi responsável? E a dos meus pais? (Fim do serviço militar?!?!) Pois. Bem me parecia.

Quando é que acordamos para o facto que, para pedirmos mais dos nossos governantes, temos também nós de fazer mais por nós e pelos outros?

 

A citação inicial pertence a uma grande mulher, responsável por equilibrar a balança dos direitos e deveres. Nós, portugueses, deveríamos pensar mais assim. Não como filhos do pai Estado, ou como cada um por si próprio.

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