Vicissitudes feministas
Não é que goste de antagonizar movimentos, sejam eles quais forem, mas há coisas que acho que extravasam o senso comum.
Tenho recebido uns emails das Mulheres Sociais Democratas e ouvido uns burburinhos sobre uma adaptação da lei das quotas aos estatutos do PSD.
Há uns longos tempos, escrevi aqui um post sobre a minha revolta no que toca ao dia da mulher.
Sou grata por poder fazer parte de uma sociedade na qual como mulher, tenho os mesmos direitos que o homem, meu par.
Somos indivíduos iguais no que toca aos direitos e assim o devemos ser. Fisicamente, anatomicamente, e até certo ponto psico-socialmente somos diferentes. É um facto. Para quê negá-lo quando nos dias de hoje cada um faz o que quer.
Em quase 6 anos de JSD, em 4 (salvo erro) enquanto aqutarca, nunca uma única vez me senti inferior, ou limitada, por ser mulher. E para além de ser mulher, ainda sou miúda, com os meus 21 anos.
Nunca me senti rebaixada ou ofendida pelo meu sexo.
E isto não aconteceu porque existe uma norma que me proteja, aconteceu porque sempre me esforcei por algo fulcral na dimensão social de todo e qualquer indivíduo – respeito.
O respeito não vem por leis de quotas, não advém de movimentos xpto’s, nem tampouco de afastamento da vida política. Vem do que o indivíduo transparece, seja homem ou mulher.
Assim, não entendo, porque é que existem Mulheres Sociais Democratas ou Dia da Mulher ou leis de quotas, quando nós, mulheres, não somos nem mais, nem menos do que os homens.
Francamente: é horrível andarmos a criar brincadeiras para criar tratamentos diferenciais – que, caso bem me lembro, sempre foi o que as nossas antecessoras tentaram afastar – sujeitando as mulheres a uma imagem terrível que, eu em eleições, pelo menos, não quero ter.
Seja num emprego, numa eleição, ou em qualquer esfera, antes de ser mulher, sou a Essi Silva, humana, luso-finlandesa, estudante de Direito, autarca, blogger e ser que pensa, aprende e adora escrever.
E se a questão é a da discriminação, então esta também é feita a homens, como ocorre frequentemente em processos judiciais de responsabilidades parentais.
Nem é por isso que deixámos de ter uma Assunção Esteves como segunda figura do Estado, uma Manuela Ferreira Leite como líder do partido, ou uma Angela Merkel a coordenar a Europa.