PSICOCONVIDADO - Joaquim Castro de Freitas
“Desculpe Sr. Manifestante, está a obstruir a via e a arrancar o paralelo e, por isso, solicito a sua compreensão para a desimpedir calmamente se isso não lhe causar incómodo uma vez que a manifestação já terminou. Muito obrigado!”
Ainda acerca da manifestação, dos avisos da policia, da reiterada birra e da carga policial que se seguiu:
Muitos portugueses cumpriram o seu direito à greve.
Os números das adesões foram o costume, o que mais interessam a cada um dos intervenientes.
Mas, dois dias depois, quando tudo voltou à normalidade e nenhum dos problemas, até ver, foi resolvido ou está sequer mais próximo da solução, eis um balanço possível:
Nesta altura o país perdeu muitos milhões de euros, os grevistas perderam o salário de um dia de trabalho, as empresas perderam produção, os utentes perderam serviços...
No fim, nesta como em outras, ontem todos perderam...

E hoje tudo está como anteontem!
Mas anteontem o que mais perdeu foi, verdadeiramente, a democracia.
A polícia esteve horas a fio a ser alvo de provocações, ameaças e violentas cargas de pedras e outros projéteis.
Pediu, reiterada e educadamente aos manifestantes que dispersassem porque a manifestação estava já terminada.
Mas não se terminou o dia sem carga policial. Alguns dos manifestantes não sairiam dali sem ela, era por isso que ali estavam.
Precisavam de sangue e circo. Infelizmente.
E alguém ouviu propostas? Alguém vislumbrou por entre os vultos maiores da manifestação caminhos alternativos? Não senhor! Apenas protestos.
Que o direito à greve nunca desapareça!
Mas que a responsabilidade individual seja, cada vez mais, um dever inalienável!