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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Passos Coelho na TVI

Beatriz Ferreira, 29.11.12

«Nós temos até Fevereiro de apresentar medidas e vamos fazê-lo mas vamos condicionar essas medidas ao debate que vai decorrer até ao verão. Se até ao Verão aparecerem medidas melhores do que aquelas que apresentámos em fevereiro, vamos substitui-las». Retive esta frase da entrevista de Passos Coelho ontem à TVI, justificando que as medidas que se encontram a ser equacionadas para reduzir 4 mil milhões de euros de gastos com saúde, educação e pensões não são estanques.

 

Sucederam-se ao longo deste ano avanços e recuos de medidas impopulares anunciadas, por falta de coragem política para as defender. O próprio OE é elaborado como um compêndio de medidas avulso, algumas apresentadas indevidamente, remetidas para o retificativo para ver se passavam entre os pingos da chuva. Agora o novo episódio de (des)Governo, numa entrevista de fundo feita ao canal mais visto pelos portugueses, o Primeiro-ministro afirma que a reforma mais profunda que o Estado e a Economia já viram nos últimos anos é feita consoante forem surgindo ideias para resolver a crise. O pior é que PPC o diz porque é de facto o que parece ocorrer e começo a questionar-me que plano de austeridade é este porque austeridade já vi muita, mas nenhum plano ainda.

 

PPC premiou-nos ainda com um belo exemplo enquadrado nestas cada vez mais típicas declarações governamentais: a sugestão de aplicação de propinas no ensino chamado público e obrigatório por forma a que a utilização deste serviço seja parcialmente pago pelo seu utilizador. Numa altura em que 13 mil alunos do Básico tomam todos os dias o pequeno-almoço nas escolas públicas e estas são os principais centros de identificação de famílias a passar por situações de fragilidade social, demonstra uma insensibilidade muito pouco adequada à época natalícia que vivemos.

 

Num cenário hipotético de avanço da medida, certamente que existirão apoios sociais para aqueles que não têm possibilidades de pagar e por isso, não creio que o abandono escolar aumente como a Esquerda já veio dramatizar. Pela minha experiência este não é causado pela crise, mas pela insatisfação pessoal e falta de apoio familiar. A minha preocupação recai sobre aqueles que não vão ser englobados nos escalões de apoio social, sujos problemas não são objeto de preocupação das assistentes sociais, a quem não é dado subsidio de Natal nem abono de família e cujas as crianças não desistem da escola, aconteça o que acontecer. A classe média, 2 milhões de famílias que tudo aguentam, que esperam pelos corte nas despesas e quando chegam, é uma montanha que pariu um rato.

 

E é certamente mais uma sugestão que cairá por terra, a própria Constituição assim o assegura. É a prova que são os erros de metodologia e não o objetivo final que irritam a oposição, coligação e população. Se os ministros não sabem o que andam a fazer, então levemos esta fase de experimentação económica a outro nível e experimentemos mudar o Governo também.

 

 

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