Políticas de Natalidade ≠ Acabar com o aborto
Pois. Não estou a falar de benefícios fiscais ou da Segurança Social.
Pelo menos é o que retiro das palavras de Nuno Reis, coordenador do grupo parlamentar do PSD na Comissão de Saúde, que reagiu à petição Defender o Futuro que contesta as “medidas ideológicas” – como o casamento homossexual, o aborto e a mudança de sexo – legisladas pelo anterior governo da seguinte forma: "A petição merece a nossa concordância já que também apoiamos o aumento de políticas de apoio à família”.
Não só a ideia me parece uma profunda estupidez*, sendo um retrocesso nos direitos que foram conferidos aos homossexuais, transsexuais (que ainda passam por etapas burocráticas terríveis) e a todas as mulheres férteis; como me parece que se está a atirar areia para os olhos - temos problemas bem mais sérios para discutir - e a olhar para estas pessoas como culpadas da taxa de natalidade ser cada vez mais negativa.
Meus caros srs. deputados e ex-deputados do PSD - sim, houve uma aprovação à toa de legislação com impactos na sociedade, fruto de força de vontade ideológica por parte do PS mas - o aborto não é o principal culpado da redução da natalidade em Portugal. Simplesmente cada vez há menos condições sociais e económicas para se ter um filho, quanto mais dois ou três. Querem obrigar as mulheres a terem filhos que não podem manter só porque não nascem suficientes crianças? Querem obrigar os casais homossexuais a viverem uma farsa? Se pagarem os psiquiatras e psicólogos que os deverão tratar por uma vida de miséria, por mim tudo bem.
*agora em bold, para ver se percebem o que digo