1º - O Direito à Liberdade de expressão e de manifestação é consagrado constitucionalmente, não podendo ser limitado à excepção de quando é usado abusivamente. Cometer crimes (como a agressão ou a difamação) em nome da liberdade de expressão, não pega. Fora a existência de uma figura no Código Civil, que tem como função gerir conflitos e regular o normal funcionamento da vida em sociedade e entre privados, chamada Abuso de Direito.
2º - Mesmo que assim não fosse, mesmo sem princípios tipificados ou salvaguardados na lei, nacional, europeia, comunitária ou internacional; existe algo chamado respeito e regras para o bom funcionamento da sociedade. São aqueles princípios que nos incutem em crianças do género de não falar com a boca cheia, não mentir e respeitar o próximo.
3º- Estes meninos nem sequer têm idade para ter passado por uma ditadura, nem para perceberem o valor da canção que entoam, mas aparentemente querem impor a sua maneira de pensar a todos os outros (não é essa uma forma de totalitarismo?), impedindo os demais de assistir ao que um Ministro eleito tem para dizer, do ponto de vista informativo.
4º- Pior que isso, é impedirem que os portugueses ouçam o que os seus representantes têm para dizer ao nível de políticas a aplicar, como foi o caso da interrupção do discurso de Paulo Macedo - de longe um dos melhores ministros deste governo, com uma tarefa extremamente difícil, mas que tem desempenhado com o máximo de competência possível. Os portugueses são mais que aqueles jovens, que decidiram que a sua rebeldia vale mais que a comunicação de quem nos governa, com os restantes cidadãos.
5º - Como aponta o José Pedro Salgado, algures nas redes sociais, este tipo de medidas têm naturalmente como consequência a falta de vontade dos governantes em comunicar, em aproximar-se do povo, reduzindo obviamente a transparência e a liberdade de se expressar como democraticamente têm direito (e dever). É o que apelidam como asfixia democrática.
6º - E não se iludam quando apontam defeitos a Miguel Relvas. Não falamos aqui dos defeitos dele, falamos sim de respeito. Que é coisa que os meninos, que não só cantaram, mas também optaram por vias como a agressão, não sabem o que é.
7º - Estão descontentes? Votem. Façam abaixos-assinados. Participem civicamente. Mas não me venham cá com tretas sobre a democracia porque nada justifica violência e faltas de respeito a um representante da Nação. E peçam a alguém para vos dar educação. Estão mesmo a precisar.
Talvez esta música se adeque mais aos tempos de quem canta a Grândola.
2 comentários
Hugo 20.02.2013
7) A democracia nao se resume a votar de 4 em 4 anos. E um dos gravissimos problemas em Portugal e* que nao ha mecanismos democraticos que aproximem elitores de eleitos. Como o Relvas admitiu, o governo so vai escutar o povo quando houver eleicoes em 2015. Ate la quem esta descontente (e - ao contrario dos governantes - directamente afectado na sua vida familiar, pessoal e economica) deve ficar calado? Abaixos-assinados, se forem de esquerda, sao liminarmente chumbados pela maioria de direita e ja* e* uma sorte se chegarem a ser debatidos na AR (vice-versa se for um governo de esquerda). Associacoes civicas nao tem qualquer forma de chegar aos decisores politicos nem de contraiar o poder imenso de lobbies e interesses instalados e, a menos que seja algo de sensacionalista, nem sequer de chegar a* comunicacao social. Os deputados, tanto quanto julgo saber, nao tem canais nem horarios establecidos para se reunirem com os seus constituintes… se escutarem alguem sera* apenas aqueles filiados nos respectivos partidos. Alias, e* praticamente impossivel ao cidadao comum ser escutado sem prestar vassalagem a um partido, de preferencia aos dois grandes, ser riquissimo e anunciar que vai fazer um contributo para a proxima campanha eleitoral ou ser famoso. Ou, alternativamente, fazer disturbios quando as camaras da comunicacao social estao apontadas aos governantes. Esperemos que as coisas nao vao para la de cantar uma “Grandola” ou de uns insultos ligeiros. E se o governo estivesse disposto a escutar o povo, o Relvas ja estava na rua ha muito muito tempo. O Paulo Macedo foi um caso de “pagou o justo pelo pecador”.
"Estão a falar demais", quem o diz é o actual Presidente do PSD. Custa não é verdade? (...)
Sigam-me
Psico-Destaques
Disclaimer
1- As declarações aqui pres-tadas são da exclusiva respon-sabilidade do respectivo autor. 2 - O Psicolaranja não se responsabiliza pelas declarações de terceiros produzidas neste espaço de debate.
3 - Quaisquer declarações produzidas que constituam ou possam constituir crime de qualquer natureza ou que, por qualquer motivo, possam ser consideradas ofensivas ao bom nome ou integridade de alguém pertencente ou não a este Blog são da exclusiva responsabilida-de de quem as produz, reser-vando-se o Conselho Editorial do Psicolaranja o direito de eliminar o comentário no caso de tais declarações se traduzirem por si só ou por indiciação, na prática de um ilícito criminal ou de outra natureza.