O Saco de Gatos
Miguel Nunes Silva, 03.01.14
Aparte o facciosismo caciquista intra-partidário, o PSD como plataforma macro-agregadora de correntes de pensamento de direita, padece também de rivalidades ideológicas. Tentei neste quadro demonstrá-las partindo do único critério da dimensão do estado em meras três esferas de política governamental: economia e finanças, dirigismo de valores, e política externa.
Identifiquei assim 7 grandes correntes ideológicas dentro da direita Portuguesa:
- Social-Democratas (Social-Dems) - Escola de pensamento antiga centrista mas de tendência esquerdista. Apenas vigorou no PSD num período mais inicial da fundação do partido tendo depois dado lugar sobretudo a Conservadores e Social-Cristãos. Pautam-se pelo dirigismo estatal na economia e pela solidariedade internacionalista.
- Conservadores (Cons) - A corrente conservadora é a génese agregadora da direita Portuguesa. Tradicionalistas nos costumes mas conservadores fiscais.
- Liberais (Libs) - Agora no poder, eles são sobretudo a geração dos 30s e 40s, mas ainda baby-boomers. Regem-se por uma atitude permissiva tanto em costumes como na economia. Favorecem o sector privado e o cosmopolitismo libertino da vida moderna nos valores. Por outro lado, são altamente voluntaristas em política externa, defendendo com unhas e dentes o institucionalismo liberal.
- Social-Cristãos - Definem-se pela sua ortodoxia nos valores. São aqueles que ainda se batem pela penalização do aborto e pela definição stricto sensu do 'casamento' mas são também grandes proponentes da intervenção social do estado.
- Libertários - Os anarco-capitalistas fazem jus ao nome. Isolacionistas na esfera internacional e minarquistas na economia. 'Estado para que te quero'.
- Neoconservadores (neocons) - Corrente de Liberais desiludidos, olham com saudosismo para os anos 50 e querem um certo regresso a esse tempo. Querem famílias estruturadas e o Ocidente como fonte de inspiração libertadora para o resto do mundo.
- Utilitário-Conservadores (Ucons) - Tendência pragmatista e tecnocrática. O interesse nacional é o ponto de partida para a sua perspectiva política. Socialmente liberais, cépticos de internacionalismos e adeptos da austeridade e responsabilidade financeira. Rejeitam tudo o que seja inspirado em utopias e qualquer forma de engenharia social. Definem o interesse público objectiva e empiricamente.
(Deixei de lado os populistas demagógicos porque esses pululam pela tabela fora, consoante a mudança de direcção da manda de vento da opinião pública).