QUAL A RELAÇÃO ENTRE A FESTA DO PONTAL E O PASSOS COELHISMO?
Sexta- feira, dia 14 de Agosto. Dia agradável, em que o sol marcou presença durante a tarde na Quarteira. Ao fim da tarde, entre o espaço reservado à Feira do Artesanato e do Livro de Loulé e o recinto da Festa do Pontal, notava-se uma agitação crescente. Primeira impressão agradável: os veraneantes comentavam o evento do PSD/Algarve, muitos convictos de que iria aparecer Ferreira Leite. Adivinhava-se noite alegre, cheia de dinamismo laranja, de força e vitalidade de quem sabe que Portugal precisa de uma alternativa credível ao Governo do pseudo-engenheiro Socrátes... Infelizmente, a primeira impressão não passou de mais uma fátua ilusão.
De facto, dava a sensação de que os presentes se encontravam numa sala de jantar, de um banal de restaurante, com vários grupos, socializando - e não num comício partidário. Ao grito do nosso partido, havia uma certa apatia e resistência em reagir. Não houve manifestação espontânea, apesar dos esforços inglórios do Nélson Faria ou do Diogo Agostinho que bem tentavam agitar as hostes (não gritando Santana, mas Manuela - para que se conste). Mas mais notório foi a fraca adesão da juventude e uma galvanização por parte da JSD que ficou - honestamente!- um pouco aquém do que esperávamos.
Isto dito e ponderado, uma conclusão é inevitável: o Pontal perdeu a sua força e , actualmente, limita-se a ser uma festa com alcance local, com uma influência circunscrita ao Algarve. Mais do que a Festa do Pontal, é a Festa do Botal - é a consagração anual de Mendes Bota. Ponto final.
E não admira que o único momento digno de registo, numa lógica nacional, sejam tiradas do discurso de Bota - porque, no que respeita ao de Aguiar Branco, valeu zero, não serviu para nada , tirando o trocadilho envolvendo Cristiano Ronaldo e o Santiago barnabéu. E é incrível como o tempo dá razão a Ferreira Leite: para fazer a figura de bobo da festa de Aguiar Branco, mais valia nem aparecer na Quarteira. Neste particular, a líder quando rejeitou o convite foi uma visionária...
A edição do Pontal deste ano não marcou a rentrée do PSD - marcou, isso sim, foi o início da estratégia de Passos Coelho para o futuro próximo. A frase da noite foi a crítica velada de Bota à líder, afirmando que não aceita duas negas da mesma senhora que convida para o baile e defende um PSD aberto que inclui Passos Coelho nas listas para deputado - esta foi, aliás, a frase mais aplaudida (ou direi a única?) da festa. O soundbyte dominou a cobertura mediática - como se esperava e como o seu autor desejava. No dia seguinte, o Expresso anunciava na capa que Moitas Flores, candidato do PSD à Câmara de Santarém, não ia votar no partido nas legislativas, porque este não é o seu PSD. Santarém que só por acaso é o distrito de Miguel Relvas que só por acaso é, na actual fase da vida, passos-coelhista da primeira linha. Alguns dirão que esta foi uma mera coincidência temporal entre o dia da realização da Festa do Pontal e a publicação das declarações de Moita Flores. Outros dirão que foi uma convergência objectiva. Para mim, com alguma caridade cristã, foi uma coincidência provocada - uma seja, uma estratégia genial da entourage coelhista que não admira, pois Miguel Relvas não brinca em serviço...
Temos, pois, definida qual será a atitude de Passos Coelho até final de Setembro: não aparecer a criticar (pois isso teria o efeito contrário de desgaste de imagem e ficar com o ónus de contribuir para uma eventual derrota do PSD), mas não poupar a líder, criticando-a por interpostas pessoas. Moita Flores não é caso isolado - nos próximos dias, vão aparecer mais. Palpita-me...