LUÍS MARQUES MENDES
é um elemento valioso do nosso partido. Iniciando a sua actividade política numa autarquia quando ainda era um jovem (decerto) cheio de dinamismo, o percurso de Marques Mendes tem sido de uma invulgar e abnegada dedicação à causa pública.
Foram muitos os cargos que ocupou sempre com a mesma convicção e sageza. Destaco a sua actuação preponderante como líder da bancada parlamentar social-democrata no (saudoso) tempo da liderança do Professor Marcelo Rebelo de Sousa. Na Assembleia da República, Marques Mendes comprometeu-se então com o programa e a estratégia do líder do partido, não de uma forma passiva, mas contribuindo com a sua criatividade e sentido parlamentar para que a oposição ao Governo socialista que, gozava na altura do seu estado de graça no momento em que parecia que Portugal era o país das maravilhas, se consolidasse, fosse respeitada e credível. Coordenou a acção política parlamentar do PSD no Parlamento, confrontou exemplarmente António Guterres.
É certo que, ninguém é tão versátil ao ponto de desempenhar com o mesmo brilhantismo todo e qualquer cargo político. Como é sabido, Marques Mendes viria a tornar-se Presidente social-democrata, após a derrota pesada de Santana Lopes, nunca convencendo um aprte significativa do "povo" laranja. É sempre negativo tentar ajustar contas com o passado ou atribuir o insucesso apenas a uma causa específica : a prestação menos boa de Marques Mendes deveu-se a um complexo causal, explicado por factores internos e externos. Não podemos esquecer que até há bem pouco tempo Sócrates era intocável - e se hoje o PSD é encarado como uma alternativa credível, muito do trabalho foi feito por Marques Mendes, é de elementar justiça reconhecê-lo.
Porém, num país onde, por vezes, se cultiva a ingratidão, houve a sensibilidade e o bom senso para reconhecer a actuação cívica de Mendes - e é actualmente um político prestigiado. A publicação do seu livro merece ser destacada. Até nisso, Marques Mendes inovou: o seu livro não é um repositório de discursos, não é um refazer da história, de explicações ou lamúrias. Não: o seu livro é, na tradição norte-americana, um conjunto de ideias para o País, em diversos sectores, devidamente estruturados, reflectindo uma certa visão para Portugal. A sua visão de Portugal.
Num tempo em que a política vive do espectáculo, do show bizz, em que o Governo de Portugal é uma agência de comunicação, que faz da propaganda o alfa e o ómega da sua acção político, temos o dever moral e cívico de destacar quem tem ideias, que tem um modelo para o país, uma visão estrutural para o nosso futuro colectivo - que está para além , da "espuma dos dias". POis que os alunos da UV possam, em Castelo de Vide, hoje à noite a seguir a mais um maravilhoso jantar, ouvir e pensar sobre como "MUDAR DE VIDA". Que bem precisamos, bem precisamos...