DEBATE - SÓCRATES VS. PORTAS
O formato escolhido para os debates é infeliz. O modelo pensado para o debate é contra-natura, por estranho que pareça, é um não debate: limita-se a ser duas entrevistas paralelas. Vê-se mesmo que foi pensado e negociado à lupa, pormenor a pormenor, pelos assessores de Sócrates: permite-lhe jogar à defesa.
Primeira conclusão do debate: Sócrates tem tiques autoritários, que nem nos debates consegue controlar. A forma como tentou condicionar o confronto de ideias, substituindo-se até à moderadora na condução, tentando impedir que Portas insistisse na matéria atinente à Segurança Social ou Segurança. Depois deste debate, como duvidar que Sócrates, enquanto Primeiro-Ministro, com maioria absoluta, dono e senhor do poder, não condicionou jornalistas, não espalhou o medo pelas escolas, hospitais, reaprtições de serviços? Quem duvida que este senhor (dito engenheiro) não é um pequeno ditadorzinho que joga apenas regras da democracia formal (a contragosto)?
Segunda conclusão: confirma-se que Sócrates está de cabeça perdida. Até na entrevista que a jornalista da TVI lhe fez à chegada ao estúdio,Sócrates foi ríspido, distante, sobranceiro. Está triste. Como triste ficam aqueles que usam o poder para condicionar e actuar a seu belo prazer, rodeado por uma multidão quando estão em cima - e depois, sentem o amargo "canto do cisne" do poder, ficando sozinhos, esquecidos e abandonados pelos seus camaradas (até Pina Moura já foge politicamente de Sócrates). E, quando se debatia Segurança, Sócrates evocar a guerra do Iraque,(que nem sequer é um tema de Segurança, mas sim de Política Externa e Defesa), dá vontade de rir (ou chorar por este senhor ter sido Primeiro - Ministro de Portugal durante quatro anos). Não há um 1% de portugueses que ainda se preocupe (se é que alguma vez se preocupou) com a participação portuguesa no Iraque. Sócrates é um primeiro-ministro, nesta ltura, completamente despassarado...
Terceira conclusão: Portas está na sua forma política mais vigorosa de sempre. Estilo certo, construtivo, abandonou a linha populista(os populistas, hoje, em portugal estão moribundos, pois perderam os seus dois maiores vultos, Portas e Santana Lopes, que mudaram inteligentemente) e apresenta uma visão alternativa para Portugal. Mas tem um problema difícil de solucionar: os portugueses olham para Portas e têm dificuldade em acreditar, em confiaro seu voto nele. Acho até que o CDS/PP hoje vale mais do que Paulo Portas.
Concluindo, debate previsível, com momentos interessantes. Foi mais um passo na caminhada serena e alegre de Sócrates para o abismo. Confirma-se: o líder socialista é o rosto da mentira, da fraude política. O seu tom de voz, por muita genial que seja o que diz, soa a falsidade - já não há pachorra! De Sócrates, para a história, ficará o seu fanatismo tecnológico, o seu exagero propagandístico, a ilusão que vendeu aos portugueses...Nada mais. Pouco, muito pouco, para 4 anos de maioria absoluta e Presidente da República ciente do bom relacionamento institucional...