Os nano mini, micro ...
Confesso desde já que nutro grande simpatia pelos pequenos partidos. É lá que encontramos a pureza ideológica, os não corrompidos e aqueles que fazem política a custo pessoal, em vez de o fazerem para ganho pessoal. É verdade que também é lá que estão frequentemente os socialmente inadaptados, os radicais utópicos e os extremistas. Mas ainda assim, é um universo muitíssimo interessante.
O último ano foi rico para estes movimentos, os quais se multiplicaram e encontraram maior aceitação com a crise e com a falta de confiança generalizada nas políticas mainstream.
Concorreram às eleições dez destas formações:
PCTP/MRPP – O eterno partido maoista Português liderado por Garcia Pereira tem sempre sido dos mais populares entre os inconformados. Nas europeias conseguiu 42 940 votos e nas legislativas 52 633.
MEP – O partido dos optimistas com nomes como Laurinda Alves na liderança, é o mais bem sucedido dos novos pequenos partidos. Europeias: 55 072; Legislativas: 25 338.
PND – A cisão do CDS era suposto afirmar-se enquanto partido liberal mas as opiniões ultra-conservadoras expressas no Demo-Liberal são mais próprias do Partido Republicano norte-americano. O antigo partido de Manuel Monteiro somou 21 380 votos nas legislativas.
MMS – Os meritocráticos portugueses poderão a médio prazo dar representação aos liberais de Portugal. No entanto, o seu liberalismo não se estende à área social aonde algumas das medidas que visam introduzir em termos de segurança, podem ser perspectivadas como draconianas pelo público. 21 738 nas europeias e 16 580 nas legislativas.
PPM – Os monárquicos somaram 14 414 votos nas europeias e 14 997 nas legislativas. Sem grandes mudanças, o PPM é consistente mas a sua coerência também se estende ao seu tamanho…
FEH – A coligação entre o Partido da Terra (MPT) e o Partido Humanista totalizou apenas 12 025 votos nas legislativas mas juntos, o seu resultado nas europeias foi muito mais impressionante: 24 062 votos no MPT e 17 139 no PH. Uma coligação curiosa depois dos anos de parceria do MPT com o PPM, de onde originou pela mão de Gonçalo Ribeiro Telles. Ainda de referir que o eurocepticismo dos conservacionistas lhes granjeou financiamento irlandês nas europeias, o que poderá também explicar o seu bom resultado.
PNR – Os infames “neo-nacionalistas” mantêm o seu núcleo duro de seguidores mas a sua visão xenófoba sempre os afastará de qualquer acordo de coligação; para não mencionar a sua conotação – justa ou não – com o neo-fascismo. 13 214 votos nas europeias e 11 614 nas legislativas.
PPV – Um dos novos partidos menos bem sucedidos, o Portugal pró Vida reduz-se à plataforma anti-aborto. Este movimento cívico conservador reuniu 8485 votos nas legislativas.
PTP - Os trabalhistas também não impressionaram com os seus tempos de antena no mínimo amadores. Ainda assim, 4789 pessoas confiaram neles. Seria impensável coligarem-se com outros partidos? Talvez não.
POUS – Os seguidores da 4ª internacional ficaram-se pelo seu eleitorado tradicional: 5177 nas europeias e 4320 nas legislativas. O partido de Carmelinda Pereira tem enviado cartas abertas aos partidos de esquerda apelando a uma união das esquerdas. Quer o POUS finalmente sair do seu isolamento?
O que é interessante aferir é que até os pequenos partidos sofreram com o voto útil e com o voto protesto. Os únicos partidos que aumentaram a sua votação em relação às europeias foram o PCTP/MRPP e o PPM.
Estes resultados são interessantes pois se bem se lembram, o Bloco de Esquerda emergiu duma coligação de movimentos como estes. A surgir uma coligação semelhante no entanto, esta seria de partidos centristas e qualquer lugar do parlamento que pudessem ocupar seria em detrimento do PS mas também do PSD.
Não é muito difícil imaginar uma Aliança Independente entre o MEP, o MMS e a FEH, por exemplo.
Eventualmente outras coligações são possíveis claro: Coligação da Direita PND-MMS, Centro Independente PTP/MEP/MMS/FEH…
Que acham os leitores?