MFL já voltou de São Bento
A líder do PSD rejeitou hoje a possibilidade de uma coligação ou de fazer acordos de incidência parlamentar com o PS, como disse ter-lhe sido proposto por José Sócrates, mas disse estar disponível para fazer uma oposição responsável ao Governo minoritário socialista. Ou seja: “Não vamos chumbar uma proposta só porque ela veio do Governo, nem vamos fazer propostas inexequíveis”.
Manuela Ferreira Leite falava depois de ter sido a primeira líder dos partidos da oposição com quem o primeiro-ministro se encontra hoje e amanhã na procura de consensos que lhe permitam garantir estabilidade e um “Governo para quatro anos”.
Após um encontro que demorou cerca de hora e meia, e em que foi acompanhada por Aguiar Branco, a líder social-democrata disse partilhar da preocupação do primeiro-ministro, sublinhando que o País, em especial no contexto de crise em que se encontra, precisa de “estabilidade” – é mesmo “fundamental”, acrescentou. Mas, em sua opinião, essa estabilidade terá de decorrer da “qualidade governativa”.“Não estamos evidentemente disponíveis para uma coligação ou para um acordo de incidência parlamentar” porque isso seria “defraudar” a escolha do eleitorado, que elegeu o PSD como “alternativa de poder”, ao dar aos sociais-democratas “mais votos e mais deputados” do que a todos os outros partidos da oposição juntos, argumentou.
Contudo, acrescentou, o PSD está preparado para ser uma oposição responsável e para contribuir para uma estabilidade governativa, sendo que o ónus está sobre os ombros do PS.
“É a qualidade governativa que confere estabilidade. E é para essa qualidade governativa que o PSD colaborará”. Como? “Não dizendo ‘não’ a propostas só porque estas vêm do Governo, nem apresentando propostas que não são exequíveis”.
Ao contrário do CDS-PP de Paulo Portas, garantiu que não apresentou ao primeiro-ministro “um caderno de encargos”.
Sobre a possibilidade de o PSD apresentar uma moção de rejeição ao programa do Governo, Manuela Ferreira Leite fechou-se em copas. "Não está em cima da mesa nada, porque nós não conhecemos o programa de Governo. Não faço obviamente cenários que não me parecem correctos neste momento".
Ferreira Leite recusou-se ainda a responder a perguntas sobre a sua permanência na liderança do partido e sobre diferentes entendimentos com o Governo em função eventuais mudanças na chefia laranja, insistindo que é ela a “legítima” presidente do PSD.
José Sócrates prossegue a sua ronda de encontros com os líderes dos demais partidos com representação parlamentar. Esta tarde, recebe Paulo Portas, do CDS-PP, e amanhã tem agendados encontros com Francisco Louçã, do BE, e Jerónimo de Sousa, da CDU.
É bom verificar que existe aqui um recuar de posição para uma serenidade parlamentar que o País necessita. É assim que deve ser o PSD. Ainda bem que a Presidente se demarca dos reaccionários da sua direcção.