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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Louvem a escrita de Saramago mas ignorem o resto ...

Miguel Nunes Silva, 21.10.09

 

 

Não me interpretem mal, adoro que Portugal tenha 2 prémios Nobel. Até este ano por exemplo, os Balcãs só tinham 1, o que significa que a nossa quantidade mísera já é alguma coisa.

 

É positivo para Portugal ter um prémio Nobel da literatura (eu tê-lo-ia preferido a título póstumo a Pessoa ou Camões mas enfim)  e apesar de tudo, Saramago ainda traz interesse ao nosso país.

 

Dito isto, como muitos outros artistas irremediavelmente idealistas, Saramago é perfeitamente utópico no que toca à política. Razão pela qual, o establishment Português prefere assobiar para o lado, sempre que o escritor manda bitates políticos.

Todos têm direito à sua opinião política e ser comunista não tem necessariamente que ser um crime. Saramago no entanto, é polémico por coisas que não exclusivamente a sua ideologia.

 

Saramago tem défice de patriotismo. Sim PATRIOTISMO. Bem sei que é um termo que na mentalidade mesquinha do esquerdismo politicamente correcto Português, está conotado com ultra-nacionalismo e fascismo mas como não sou nem uma coisa nem outra, não tenho qualquer problema em me afirmar como patriota.

 

Uma pessoa que ganha um prémio Nobel da literatura mas vive num país que não fala a lingua em que escreve já é desconcertante, mas quando afirma que o país da língua em que escreve, não deveria ser independente e deveria de facto fundir-se com o país em que vive... bom, aí penso que não é injusto acusar tal sujeito de falta de patriotismo.

 

Saramago pode cometer os maiores erros mas apesar das suas ameaças de prescindir da sua nacionalidade Portuguesa ( à la Maria João Pires), não é razão para o incentivar a fazer algo que seria claramente negativo para o país. Para não cometermos o mesmo erro que ele!

 

Mas foi isso mesmo que Mário David, eurodeputado do PSD, fez

David está errado pois não só parece ter sido levado pela sua própria emoção mas esta parece ter sido acicatada pelas recentes declarações do polémico escritor.

O que David tem que compreender é que tal deserção de Saramago, seria má para o país mas sobretudo, que não pode misturar religião e nacionalismo.

Portugal é um país laico e opiniões religiosas ou anti-religiosas, em nada injustificam a identidade nacional de um indivíduo.

 

Mário David tem direito à indignação mas nesta instância, ela foi despropositada.

 

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