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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Ringue de Ideias do PSD: Macário Correia

PsicoConvidado, 02.11.09

 

O PSD tem sofrido, ao longo dos últimos anos, do vírus da opressão das facções que elegeram as querelas intestinas como o rumo pelo qual se regem as suas escolhas políticas. Estas facções, em muitos casos, repelem ponderações éticas e o imprescindível dever de solidariedade e lealdade de quem carrega o fardo de conduzir o PSD a vitórias eleitorais. Premissa primeira, se quisermos construir um projecto político alternativo, credível e que reivindique o melhor dos portugueses, gerando um clima de confiança, ambição e credibilidade temos que inocular definitivamente este vírus, cuja raiz está impregnada em relevantes sectores do PSD.

 

O PSD demitiu-se de discutir, pensar e reflectir o país a uma só voz, alimentou uma cenografia em que sucessivos líderes, ao arrepio da estabilidade institucional exigível, procuravam reinventar a linha de orientação estratégica do partido, esforços que soçobraram perante uma deriva autofágica. Ás oposições no seio do partido compete assegurar o debate construtivo, criterioso e profícuo, com suficiente maturação estratégica, promovendo a coesão e valorizando a unidade no respeito pelos mais elementares deveres de militância. Temos que tentar ultrapassar esta entropia. Furar o casulo a que penosamente nos temos remetido e olhar, com acuidade e perspicácia para Portugal, porque, em 34 anos galgados sobre o 25 de Abril, fomos sempre nós que engendramos a modernização do país, estimulamos os maiores índices de desenvolvimento económico e social, demos um precioso auxílio para sacudir da jurisdição do Estado obrigações que estorvavam as energias da sociedade, a desgastavam e surgiam como um anacronismo, que era agente de atraso e decadência. Superámos, lado a lado com os portugueses, muitos destes obstáculos. Não há razão para o não continuarmos a fazer, até porque o PSD transporta o gérmen do reformismo, inevitável com vista a promover um Estado eficiente e que faça bem aquilo que tem que fazer, ao invés de persistir em querer fazer tudo, o que é um alimento para uma máquina burocrática voraz, pesada, desresponsabilizante e que nunca está saciada com o volume de impostos que reúne.

 

O PS nunca conseguirá reformar o Estado. Na legislatura que ora findou, afora assomos reformistas de perímetro circunscrito, nada de verdadeiramente determinante se fez. Optou-se pelos resultados estatisticamente tratados, em detrimento do combate à medula das questões. Esta, como todas as tarefas árduas e que promovem um país mais justo e equilibrado, com maior escrutínio político e responsabilidade dos decisores, só se consegue pela força do PSD e não com encenações mediáticas que não são mais do que a adesão a uma visão estéril, ilusória e que não liberta o pais da miséria económico-social que o tem afligido, porque não lida com os aspectos fulcrais que devem merecer pronta actuação do governo:

-A Regionalização, para tornar o país mais democrático e melhor estruturar a administração;

-A Justiça, para que se cumpra a igualdade de oportunidades e se penalize quem se aproveita do clima de impunidade vigente;

-A Educação, com disciplina, exigência e alinhado com os vectores de desenvolvimento económico, etc. São estas, entre outras, matérias cruciais que espelham o declínio de Portugal. E, para isso, o PSD, num registo sereno, responsável, empenhando-se na selecção dos seus melhores, pode reflectir sobre um país órfão de liderança política há mais de 15 anos e, para além dos deveres de fiscalização governativa que o recente acto eleitoral nos cedeu, fabricar, passo a passo, com coerência e estabilidade programática, um núcleo estruturante de posições aglutinadoras que constituam o cerne do futuro programa eleitoral do PSD. Primeiro, todavia, temos que endereçar as questões internas, saber, com honestidade intelectual e sensatez democrática, obedecer aos mandatos que os militantes outorgam ás direcções políticas. Sem isso, nada feito. Com isso, teremos visão, perseverança, quadros competentes e qualificados para decifrar as necessidades do país e subscreveremos um catálogo de medidas que sejam a força motriz da mudança, modernidade e desenvolvimento de Portugal.

 

José Macário Correia

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