Amado. Odiado. António Lobo Antunes é um nome incontornável da Literatura Portuguesa.
Não é para o novo livro de António Lobo Antunes que chamo a vossa atenção, mas para o Homem. Um Homem que fala se si como poucos fazem. Um Homem que afirma haver pessoas perante a grandeza sente vontade de se ajoelhar, e que o seu interesse último é estar mais próximo do coração da vida.
“(Judite de Sousa) Já depois da operação, teve de fazer tratamentos no Hospital de Santa Maria.
(António Lobo Antunes) …cruzei-me na sala de espera com um senhor de muita idade que vinha de ambulância do Alentejo para sessões de radioterapia. Um homem muito magro pela doença, um camponês. Mas, como vinha ao hospital e ao médico trazia o melhor fato, um fato que estava cheio de manchas. Não tinha gravata. E quando o chamavam, ele avançava como um príncipe. E naquele colarinho abotoado vi a gravata mais bonita da minha vida.”
O excerto que transcrevo, só o acaso fez com que não o encontrássemos entre as páginas de um livro seu.