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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

PASSOS PERDIDO - RETRATO DE UM CANDIDATO

João Lemos Esteves, 07.12.09

                                            

 

Domingo, dia 6 de Dezembro de 2009. Dia horriblis para Passos Coelho: confirmou-se a sua falta de peso político e capacidade para congregar  e liderar o PSD. A sua entrevista passou, em termos mediáticos, despercebida. Com uma excepção: a crítica que faz a Marcelo Rebelo de Sousa. COnclusão: Passos Coelho para se afirmar precisa de recorrer, em termos desprimorosos, ao nome do Professor. À escala nacional - para além da realidade específica da vida interna do partido -  Coelho é  politicamente pouco relevante. Da sua entrevista, devidamente dissecada, não fica uma única ideia relevante para o futuro do país.É um conjunto de ideias feitas, frequentemente pela negativa - o que não se deve fazer. É pouco. Muito pouco para quem almeja ser o líder da oposição - e muito provavelmente ser o próximo Primeiro - Ministro de Portugal.  Mais curioso é verificar que quando Passos Coelho afirma algo pela positiva , limita-se a recuperar as principais bandeiras de Ferreira Leite: suspender as obras públicas de grande dimensão, prioridade é reduzir a despesa (o nosso jovem com mais de 40 anos nem diz como),  regionalização sim, mas não agora; atrair capitais internacionais (como? - não responde). Ora, estas ideias representam o cerne do programa da actual direcção do PSD que os portugueses rejeitaram nas últimas legislativas!

 

Por outro lado, Passos vitimiza-se de ser vítima de uma coligação negativa contra ele. O problema, todavia, é que ele não se consegue afirmar pela positiva. Isso é que é grave e o deveria incomodar. O problema é que Passos Coelho não revela a lucidez necessária para perceber que as suas contradições (e o tempo revela-as cada vez mais) diminuem a sua margem de manobra política. Há poucos meses, era a favor de entendimentos pontuais com o PS - agora, já admite votar contra o orçamento de Estado. Declara guerra aos velhos do Restelo e critica o passado recente do partido. Certo, mas será que Passos Coelho é capaz de se livrar da tutela político/programático/ideológica de Ângelo Correia (que foi o que lajudou a levar Menezes aos píncaros e depois o deixou cair) e de Mira Amaral? - duvidamos nós legitimamente. E Miguel Relvas, verdadeiro tenente que prepara as suas tropas no terreno, dado como seu fiel apoiante, não é uma figura importante do barrosismo, do tal passado recente? E o seu "liberalismo à portuguesa" - como apelidou uma jornalista - está escondido, à espera de melhor oportunidade? Sobre Passos, nada se sabe. É uma incógnita. Só há uma certeza: a única mudança que conseguirá protagonizar será uma mudança de estilo. Paradoxalmente, essa é a sua força - não ter  convicções permite-lhe andar ao sabor das circunstâncias, das conveniências do momento. Passos Coelho já o percebeu -logo,  aposta mais na forma do que no conteúdo.

 

Concluindo, a força de Passos é a imagem, a sua eventual e treinada telegenia, a boa imprensa que o apelida de jovem e renovação, sendo ele um produto do cavaquismo (não sendo um cavaquista - até aqui as contradições se revelam). Ideias? Zero. Convicções? Nenhuma. Ora, tal perfil, tal percurso faz-me lembrar alguém. Já descobriram? José Sócrates. Os seus percursos políticos são idênticos e pertencem, sensivelmente, à mesma geração. Será que queremos apresentar ao país uma laternativa política liderada por uma espécie de Sócrates 2? O PSD merece mais do que uma versão adocicada e não autêntica de Sócrates...  

 

 

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