Obama recebeu o prémio Nobel em Oslo. Talvez os anfitriões pensassem que iriam ouvir um discurso anti-Bush ou sobre o caminho para o pacifismo. Não, não foi disso que ele falou.
Obama falou daquilo que muitos já falam como sendo a sua doutrina no que toca à política estrangeira; A Guerra Justa – muito mais que amontoados de clichés e lugares comuns bons para serem ditos em qualquer encontro de apoiantes das artes bélicas.
Obama com coragem, determinação e a mesma eloquência de sempre dirigiu-se à assistência que ali estava para o ver receber o prémio Nobel da Paz como aquilo que é; um Presidente que é o comandante-em-chefe de duas frentes de Guerra e que para uma delas acabou de ordenar o envio de mais 30k tropas. Mas sem o floreado, o jeitinho à palma fácil e a falta de substância de tempos anteriores. Para mim, não me faz sentido que já o chamem de neoconservador ou de Barack W. Obama. É diferente, muito diferente. E para se sentir e ver quão diferente é, oiça-se e leia-se o discurso. Enquadre-se no contexto actual e tenham-se em conta as acções que este Presidente já tomou relativamente a estas duas desnecessárias e estúpidas guerras...
Mas até eu tenho de concordar com Obama que diz mais ou menos isto (minha tradução);
Entender a necessidade da Guerra é o reconhecimento da história, das imperfeições do Homem e dos limites da Razão.
Katic Couric dizia nessa noite na CBS que justificar a Guerra enquanto se recebe um Prémio de Paz é uma dicotomia estranha, mas é uma dicotomia que captura o complicado Mundo em que ele e nós habitamos.
E como dizia o John Stewart na pós-entrega do prémio, no seu Daily Show; Quando pensamos que o perdemos, ele vem e agarra-nos de novo...
E de que maneira... Os maiores pundits da direita e cuja opinião vai para lá do criacionismo e racismo ficaram totalmente rendidos ao discurso de aceitação, os de esquerda fora os que o acusam de ter caído para o lado de Bush idem idem aspas aspas...
Pelo Mundo fora felicitações sensatas e sentidas.
É assim Barack Hussein Obama
Recomendo dois pontos de vista que julgo serem interessantes, o primeiro mais conservador o segundo mais liberal;
Muito bom, este discurso, quer pelo conteúdo quer pelo local em que foi feito.
Apesar de não concordar com a atribuição do prémio (ainda não percebi bem qual o real objectivo), a dúvida em que esta atribuição foi feita bem que é atenuada por este discurso e a forma como o Obama o "aceitou".
Achei, essencialmente, que este é um discurso alargado de uma frase que me ficou de outro discurso de Obama, o famoso discurso de abertura no DNC 2004 em que depois de criticar a guerra do Iraque deixou claro que «a guerra poderá ser às vezes uma opção, mas nunca deve ser a 1ª opção».
A essência é mesmo essa, não ser um pacifista ingénuo ou hipócrita, mas não menos importante saber da responsabilidade que se tem de ter quando se lança-se numa. Há 4 ou 5 partes do discurso chave e que serão intemporais e recordadas para sempre, mas a parte que mais gostei foi quando ele assumiu ali que era responsável por enviar mais 30 mil jovens/homens e que alguns iriam matar e outros iriam ser mortos. Concorde-se com a estratégia no Afeganistão ou não, é importante é saber que quem envia homens para um conflito não o faça por capricho, mas consciente que de «a guerra por si só nunca é gloriosa» (outra grande frase).
Mil por cento de acordo. E é essa a grande diferença... Quer pelo caminho de coerência que aqui recordas desde os discursos de 2004, quer pela realidade impregnada na sua conversa que em nada tem que ver com a quase Guerra Santa dos neoconservadores...
Só quem nunca ouviu o essencial de Obama pode dizer que não sabia que o pensamento dele não era aquele que tem demonstrado. Disse-o logo no discurso que o lançou mediaticamente a nível nacional em 2004 e em vários momentos da campanha presidenciais.
Gostei muito do discurso mas penso que os conservadores não o perceberam.
Sim, ele defendeu a guerra justa mas não para "espalhar a liberdade" ou "tornar o mundo mais seguro para a democracia" e sim para defender o interesse nacional.
Quem tenha estado atento à política externa Americana e aos discursos de políticos como a Hillary Clinton, sabe perfeitamente que a Guerra no Afeganistão é uma guerra de necessidade para a Admin Obama, não de escolha.
Gostei do discurso. Conseguiu fazer bem a ponte. Tem uma clara capacidade em focar os seus objectivos e sobretudo em passar a mensagem.
Continuo a não entender o motivo porque venceu este prémio. Porém, a questão do Afeganistão obriga a esta explicação de Obama. Ali está o verdadeiro problema da sua Administração, e ali está uma batalha dura de vencer. Quantos mais homens, mais dificuldades.
Em relação ao degelo, basta olhares para a Rússia e até para a América latina, aonde só não tem tido mais sucesso porque o Chavez é um demagogo preconceituoso.
"Estão a falar demais", quem o diz é o actual Presidente do PSD. Custa não é verdade? (...)
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