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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

A FESTANÇA DA DONA CONSTANÇA...

João Lemos Esteves, 16.12.09

                                                     

 

O actual executivo socialista só tomou posse sensivelmente há dois meses. É suportado por uma maioria relativa no Parlamento -logo, presumia-se que iria compreender as novas circunstâncias políticas e mudar a atitude crispada que teve nos quatro anos de maioria absoluta. Mas não - está a acontecer precisamente o contrário.  O Partido Socialista entrou numa fase delirante e até as suas figuras mais sensatas e inteligentes cometem uma catadupa de erros políticos que chega a roçar o ridículo. Agora, foi António Vitorino que entrou na onda de loucura, afirmando que o Presidente, apenas por promulgar diplomas aprovados pela oposição no Parlamento, cola-se a ela. Ora, António Vitorino já foi assistente de Direito Constitucional na FDL e, em consciência, sabe que a sua afirmação não faz sentido nenhum - ao limite, ele, alto dirigente do partido que se proclama como pai da democracia e da liberdade, diz que o Parlamento é inútil, pois deve servir apenas para aclamar o executivo. O Governo lança os foguetes; o Parlamento faz a festa - obviamente, que numa democracia representativa, não é assim.

 

Então, será que a afirmação de Vitorino têm significado político? Têm. Repare-se que Vitorino tem funcionado como uma caixa de resonância da estratégia socialista. Logo, a tentativa de colagem do Presidente à oposição tem três significados:

 

1.º - Estratégia de vitimização que a máquina socialista tem utilizado à exaustão desde 2005. É impressionante! Nada é culpa do Governo; tudo é culpa ou da oposição ou da crise internacional. Sócrates é o maior; os outros são bestas. Se o Governo não conseguir levar a legislatura até ao fim, cumprindo, o seu programa político - a culpa será da oposição, de que o Presidente é um prolongamento;

 

2.º - Início da campanha eleitoral das presidenciais. Já não há dúvidas: o PS quer livrar-se de Cavaco. E querem começar desde já a desgastá-lo, aproveitando o episódio das escutas e a fase menos boa do presidente. Mais: o PS quer Alegre, que supostamente é da ala esquerda. Estranho? Não. Sócrates e Alegre são malabaristas u contorcionistas natos - apesar das suas divergências, conseguem sempre entender-se. Com a vitória de Alegre, a gestão da relação Governo/Presidente passa para o Largo do Rato. Sócrates, como sempre na sua vida, joga tudo no aparelho do partido...

 

3.º - Desvalorização da oposição parlamentar, em particular, do PSD. O PS pensa que é mais politicamente pagante atacar o PR em vez de criticar a oposição em concreto. Porquê? Porque não convém atacar a esquerda já - pode ser precisa para eventuais acordos parlamentares e (mais importante)  nas presidenciais para apoiar Alegre. Cheira-me que o PS vai ser suavezinho para a esquerda. Já quanto ao PSD, o objectivo é desprezar, ignorar Ferreira Leite. Não lhe dar importância. Nem dar demasiado protagonismo a Aguiar Branco. Ao mesmo tempo, que vão continuar a levar ao colo Passos Coelho que há muito que é o líder preferido do PS. E que tem beneficiado da benevolência da imprensa socialista ( vide o Diário de Notícias - que só por acaso foi amplamente elogiado por Pedro Marques Lopes esta semana. Só por acaso...). O Ps aposta forte na eleição de Passos Coelho - porque aí tudo será mais fácil,o PS vai entender-se com o PSD. Teremos um Bloco Central implícito.

 

E claro que António Vitorino, a D. Constança,  continuará a alimentar a festança. O país é que já não aguenta esta andança...

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