Dar, apenas dar...
Assisto todos os dias a uma verdadeira história de amor. Uma história arrepiante, que nos dá que pensar. Uma senhora com demência, anda de cadeira de rodas, não fala, não está cá neste mundo, sobrevive dia após dia, num hospital. E dia após dia, um senhor já velhote, entra pelo hospital, marca o código do piso 2 e com a sua gravata, com o seu gelo no cabelo passa o dia com a senhora. Ele já tem dificuldade em andar, já não ouve muito bem, mas entra todos os dias no quarto da esposa com um sorriso enorme. Com uma ternura e uma força que vai buscar sabe lá onde. E assim passa o dia, os dias, as semanas, os meses. Ao lado da companheira de uma vida, a falar com ela, a mostrar fotografias. A contar histórias, a ouvir música, a ver televisão. Ela não fala, apenas olha, apenas observa, ele não desarma, dá-lhe beijos, faz-lhe um carinho e sorri-lhe. Tem sempre um rosto de felicidade para ela. Não anda lá a lamentar-se, a deprimir-se. Sorri!
Apenas dá, sem nada receber em troca. É o amor no estado mais puro. É o exemplo de não desistir, é o exemplo de uma vida sem interesses.
Que bom seria assistirmos a mais exemplos destes. Na vida, no dia-a-dia, no trabalho e sobretudo na política. Sem interesses, apenas dar. Sempre com um sorriso.