IRONIAS DO DESTINO LARANJA...
Escrevi há dias aqui no Psicolaranja que Aguiar Branco seria candidato à liderança do PSD. E, na altura, era notória a vontade, o trabalho de bastidores (e não só) do actual líder parlamentar para aregimentar apoios que lhe permitissem defrontar Passos Coelho.
Os últimos dias evidenciaram (ainda mais) o intenso e diário jogo de bastidores no nosso partido. Ocorreu uma alteração de circunstâncias: afinal, muito provavelmente, quem irá defrontar Passos Coelho será Paulo Rangel - e o ex-líder da jota, actual director de uma empresa de Ângelo Correia, terá o apoio de Aguiar-Branco. Ironia das ironias...
Vamos aos factos.
1. º - Aguiar-Branco criticava abertamente Passos por não apoiar suficientemente Ferreira Leite e ter ciriticado a liderança actual em plena campanha eleitoral;
2.º - Aguiar-Branco é vice-presidente de Ferreira Leite - ou seja, também ele sufragou a exclusão de Passos Coelho da lista de deputados;
3.º - na passada quinta-feira, Aguiar-Branco esteve na apresentação do livro de Passos Coelho. Ele que é vice-presidente e líder parlamentar actual... Está numa iniciativa de campanha (porque o lançamento daquele livro é a divulgação de um folheto propagandístico) de um candidato a líder!
4.º - Aguiar-Branco ,já tendo alguma experiência política, poderia estar presente na acção de propaganda passos-coelhista, mas escusar-se a responder a questões dosw jornalistas. Mas não: deixou-se fotografar ao lado de Passos Coelho (muito sorridentes os dois) e disse que este é um "excelente candidato a líder". Eu - e acho que ninguém - pode comprar essa justificação absurda da solidariedade partidária...o que é que aquela aparência de livro de Passos Coelho tem que ver com o PSD, em termos institucionais? Nada! Absolutamente NADA!
´Como justificar esta cambalhota política monumental de Aguiar-Branco? É fácil: a luta interna no PSD é movida por amores e ódios pessoais - aqui, goste-se ou não, Marcelo Rebelo de Sousa tinha (e tem) toda a razão.
Sabe-se que Aguiar-branco e Paulo Rangel têm problemas de relacionamento pessoa. Não se dão bem. Há ali uma inveja ou ciúme latente (quando não, evidente). Quando Aguiar-Branco sabe que Ferreira Leite prefere e insiste que Rangel seja candidato (o SOL dizia esta semana que o seu telemóvel não parava de tocar em Bruxelas), Aguiar Branco sente-se traído (como já se sentira quando a actual líder preferia Mota Pinto para a liderança parlamentar) e passa a apoiar Passos Coelho.
Abreviando razões, o pensamento de Aguiar-Branco é este: mais vale ter um pássaro na mão do que dois a voarem. Ou seja, mais vale ter a liderança parlamentar com Passos Coelho na liderança do partido do que, sabendo que Rangel avançará com o apoio daqueles que não se revêem na candidatura do "menino fugido " de Vila Real, hipotecando-lhe a hipótese de avançar com probabilidade de vencer, ficar sem nada: sem a liderança parlamentar e sem a lidernaça do partido. Mas, tudo isto resulta de um arrufo entre dois destacados membros da entourage ferreirista.
Tanto mais que Luis Filipe Menezes que, no programa de Mário Crespo dissera que Passos Coelho, Rangel e Santanas Lopes juntos não faziam "um líder de jeito", veio, logo a seguir, afirmar que não tem dúvidas que Passos Coelho será líder do PSD. Recordo que na semana passada, o SOL fazia capa com o apoio de Menezes a Pedro Aguiar-Branco - apoio confirmado pelo próprio, que elogiou largamente o seu trabalho como líder parlamentar. Parece que Aguiar-Branco virou passos-coelhista (porque não suporta ficar atrás de Rangel). E politicamente, aquilo que parece, é.