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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

PsicoConvidado: Ricardo Campelo de Magalhães

PsicoConvidado, 25.01.10

 

Propaganda de Esquerda

 

 

No Portugal contemporâneo, a esquerda ganhou com o combate ideológico. Para provar tal facto (como se fosse necessário), basta ver os programas dos partidos de direita: cheios de medidas sociais, interferências no mercado livre, e um vocabulário em que os termos não são neutros: o capitalismo é “selvagem” e o mercado livre “desequilibrador”, enquanto as políticas sociais de “ajuda aos desfavorecidos”. A mente do próprio leitor destas linhas já reconhece as palavras como suas e estranha o tema.

Eu, como se torna evidente, sou defensor do mercado livre e gosto de chamar atenção para as inconsistências gritantes do sistema vigente. Vejamos algumas:

 

- Liberdade: Ford disse “o cliente pode escolher qualquer cor, desde que seja negro”. O Estado oferece os serviços padronizados, como, onde e quando quer. Necessidades específicas? Só se tiver um grupo de interesse por trás (em vez da ditadura dos números, temos a ditadura das hierarquias). Liberdade de educação, de escolha de plano de saúde, de escolha de tribunal,… não há. No caso dos tribunais, por exemplo: numa sociedade livre, os advogados das partes listariam tribunais e iriam eliminando os que considerassem mais enviesados à vez até chegar ao central; em Portugal, procura-se à socapa onde é o tribunal que nos será mais favorável, perdendo-se transparência e dando vantagem a quem possua informação privilegiada. Mesmo no caso da liberdade de expressão, a referida tendência para a uniformização, apesar de não ser um obstáculo formal a esta liberdade, certamente a manietará levando quem tenha outras opiniões a se calar ou ser considerado… (é melhor calar-me ou ainda me colam o epiteto).

- Igualdade: O simples facto de se usarem termos colectivistas constantemente garante que não haja igualdade. Se eu tratar cada um como um indivíduo, à partida desconhecido, trato todos de forma igual. E todos devemos tentar pensar assim. A esquerda contudo pensa sempre em colectivos. Os pretos foram mal-tratados. Os ciganos são mal-entendidos. É preciso ajudar o proletariado. Os proprietários são mal-intencionados. Os cidadãos de leste devem ser apoiados. … E se não existissem estas políticas? E se o Estado trata-se de forma igual todos os indivíduos? Cada vez que um indivíduo se apresentasse ao balcão, tratava-se esse indivíduo de forma única, de acordo com uma única regra que seria válido para todos. Se precisasse de ajuda seria ajudado INDEPENDENTEMENTE dos grupos a que pertencesse. Porque não seguir o princípio da igualdade, para variar.

- Fraternidade: Não há. Numa sociedade colectivista, cada indivíduo pertence a um colectivo, cujo bem é visto como uma função inversa do bem dos outros. Logo, deve haver guerra: proletariado Vs capitalistas, litoral Vs interior, norte Vs sul, jovens Vs geração dos direitos adquiridos… Tudo porque pensam que a Economia é um jogo de soma nula: para eu ganhar, alguém tem de perder. Marx dixit. Eles negam a existência de crescimento económico! O meu Mises, diz (Human Action, p.673): o facto de o meu companheiro querer sapatos tal como eu, não me torna mais difícil obter sapatos, mas mais fácil! Logo, se havendo cooperação, há crescimento, e quanto maior a cooperação (e a consequente especialização), maior o produto obtido, cooperemos. Como? Com um plano? Não é necessário um plano: o sistema de preços diz-nos o que é mais apreciado e guia-nos nas nossas opções!

- Paz: O sistema capitalista não só é o melhor para produzir uma máquina de guerra inovadora e eficiente, é também o melhor garante de paz. Duas nações planificadas e economicamente estanques não sofrem com a catástrofe alheia e portanto, se pensam que conseguem fazer uma guerra relâmpago, não há desincentivos às suas lideranças a fazê-lo. Duas nações capitalistas ligadas por comércio abundante cometeriam harikiri se entrassem em guerra, pois teriam sobreprodução dos bens em que era especializada, subprodução daqueles em que era menos eficiente e passado alguns anos era mais pobre pois teria de produzir mais dos que era menos eficiente para desistir daqueles em que era eficiente. Para além de que perderia mercado para os seus bens e algumas fontes de matérias primas. A evidência histórica é esmagadora.

É fácil proferir compaixão quando são outros a pagar o custo. É simpático oferecer sem nada pedir. É garantia de votos prometer menos impostos e mais despesas do estado. É humano pensar como seria bom se todos vissem o que nós vemos. Mas é também garantir o colapso de uma sociedade.

O Psico-convidado,

Ricardo Campelo de Magalhães

 

 

 

 

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