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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Ringue de Ideias do PSD: António Nogueira Leite

PsicoConvidado, 11.02.10

 

 

O PSD e Portugal
Há já uma década que Portugal caminha na direcção de um futuro mais pobre e mais injusto.
Mais pobre porque perdemos competitividade, assistimos à redução da dimensão relativa da nossa riqueza colectiva e, ano após ano, divergimos dos nossos parceiros europeus. Não poupamos o suficiente, estamos mais expostos que todos os outros países da OCDE às pressões da globalização e devemos cada vez mais ao exterior. Como contrapartida de tudo isto somos cada vez menos donos de Portugal.
Estamos relativamente mais pobres e simultaneamente temos mais pobres. Pior, tudo temos feito para no futuro termos ainda mais pobres. O endividamento crescente do estado, a assunção descontrolada de despesa pública futura e a desproporção entre os direitos adquiridos de hoje e os direitos que poderão vir a revelar-se possíveis no futuro, geram uma perspectiva de decadência e desigualdade inter-geracional sem paralelo na história recente de Portugal.
Entretanto, como causa e por consequência da nossa decadência económica e do acentuar da injustiça, as instituições atingiram um nível de degradação sem paralelo desde o período pós revolução de 1974.
O sistema de justiça não funciona nem tem a credibilidade que Portugal e os portugueses merecem e o sistema de ensino democratizou-se mas não melhorou em linha com os progressos verificados naqueles que de há muito vão caminhando à nossa frente. O sistema de saúde tem um largo campo para melhorar, estiolado entre interesses corporativos e absurdos ideológicos. A evolução tecnológica, os avanços da medicina e a demografia conduzirão a pressões ainda mais fortes, indutoras ou da reforma ou da destruição do sistema.
Os portugueses perderam o respeito à classe política. A percepção da existência de uma corrupção larvar, o clientelismo, a fragilidade da sociedade civil, o enfraquecimento das instituições e o “voyerismo” mediático têm afastado os melhores portugueses da causa pública e ajudado à promoção de gente sem escrúpulos, dos hipócritas e dos medíocres. Os partidos têm demasiados “aparatchicks” e poucos homens livres.
Os próximos anos vão exigir muito de todos: reforma profunda da economia e do estado, reforma das instituições públicas hoje esgotadas e, fazendo das fraquezas forças, garantir desde já o início de uma profunda reforma do estado por forma a possibilitar uma redução permanente da sua dimensão e do seu peso financeiro.
Tal implicará muito maior eficiência e eficácia na gestão dos recursos de todos num ambiente onde, função da crise, Portugal terá de dar resposta com justiça e acerto às solicitações crescentes dos mais fracos e dos menos afortunados.
O PSD tem de enunciar com muita clareza e suficiente detalhe uma solução integrada, consistente, credível e rápida a estas questões. Por isso, a escolha do seu próximo líder terá de, ao contrário dos últimos episódios, centrar-se nas respostas a estes desafios. É a viabilidade da nossa economia, a sustentabilidade do nosso sistema político e a credibilidade das nossas instituições que estão em jogo.
O debate terá de ser profundo e aberto. Tão incisivo e duro quanto requerido pela enorme dimensão das crises que vivemos neste momento. Terá, de ser leal e honesto. Uma vez terminado e escolhidos os protagonistas da acção, exige-se unidade e coerência por forma a credibilizarmos o o papel que, estou certo, nos vai ser exigido muito em breve.

António Nogueira Leite

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