Zoran Djindjic – Um Sá Carneiro dos Balcãs? (II)
Há ainda um outro aspecto da figura de Djindjic que é pertinente explorar, sobretudo tendo em conta a direcção em que a maré política em
O livro “Hajka” de Kazimir, consiste numa análise à cobertura mediática de que Djindjić foi alvo nos seus anos de governação. Algo claramente verificado foi que Djindjic nunca tentou ingerir-se nas redacções dos jornais ou da imprensa no geral.
Sob este aspecto, Djindjic terá sido incauto pois ele acreditava em não processar jornalistas e o seu método para lidar com imprensa negativa era simplesmente ignorá-la. Infelizmente, a influência decisiva dos editores de informação sobre os jornalistas não é fenómeno exclusivo de
Também as agências de marketing são importantes na vida política Sérvia, recorrendo os novos partidos a elas para efeitos de imagem e para assessoria nas campanhas. A distinção entre jornalistas e agentes de relações públicas esvanece-se progressivamente.
Djindjic não foi sempre hábil com os media, ele teve que aprender a produzir soundbites e a falar inglês por exemplo mas talvez por razões de integridade, ele recusou-se a entrar na pura política espectáculo e a na competição mediática.
De certo modo, foi a moderação da sociedade global e a vitória do consenso de Washington que ditou o fim das lutas ideológicas e dos “líderes combatentes”. Não será então estranho que os novos líderes, por falta de legitimidade ideológica, recorram a campanhas negativas e à política da imagem para conseguirem mobilizar eleitorados apáticos.
O que é estranho na sociedade Portuguesa, é que a população em geral penalize aqueles que se recusam a entrar no campo da política da personalidade, e que são cada vez mais raros. Todos têm culpa, desde os que insistem em votar em branco ou em não votar, àqueles que escolhem o seu candidato pela beleza física ou charme pessoal.
A “campanha negra” proletarizou-se. Já não é exclusiva de conspirações ou campanhas mediáticas ocasionais, é hoje em dia complemento da tese Clintoniana da “campanha permanente”, tornou-se uma ferramenta indispensável do combate político.
Mas o seu uso diz mais do público que dos políticos. A classe política vende um produto e são os cidadãos que ditam a deontologia deste sistema produtivo. Se os políticos entram na arena da competição de personalidades, tal deve-se à exigência de uma população civicamente preparada para a mediocridade. Ao contrário da esquerda no entanto, a direita e os seus representantes detém a coragem para responsabilizar o indivíduo. Talvez por isso nos últimos quinze anos, os Portugueses tenham optado pelo caminho fácil da desresponsabilização estatizante, abandonando os seus fardos em lares de burocracia aonde permanecerão até ao fim, até à prescrição.