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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Rangel vs Passos: SIC Noticias

Guilherme Diaz-Bérrio, 03.03.10

 

 

 

Vencedor da Noite: CDS/PP!

 

Paulo Rangel:

 Entrou mal do debate: entra no num registo de "Catedra" com superioridade intelectual, e patina um pouco porque encontra alguém que, concorde-se ou não, sabe debater bem.

Notou-se que é um "tribuno" à antiga, bom em retórica, mas patina quando não tem o "regimento da assembleia" a protege-lo. Como não se demarcou de MFL a tempo - e não fez a proverbial "travessia do deserto", apanhou com a cartada óbvia de PPC.

 

Demonstra uma impreparação em Economia que mete impressão! Só consegui concordar com ele uma vez (e aqui, concordei completamente): quando ele fala em reduzir custos do sector não transaccionável vs transacionavel

Fora isso, não sei quem é o "adviser", mas ali ruptura, em questões fundamentais, não encontrei muita. Foi demagógico com um facto: que discutir finanças regionais foi o que agravou a nossa situação nos mercados internacionais. Errado! essa discussão, e o que o PSD fez ai, agravou a situação: fomos citados no mundo inteiro como crianças sem consciência a discutir por 50 milhões, num buraco de dezenas de milhar de milhão!

Começa a defender-se mal na questão do OE (PPC têm razão quando diz "se não é bom, não aprovamos") mas emenda o tiro a dizer "admito que foi um processo mal gerido, se fosse eu, se calhar não negociava, mas o resultado prático do PSD era uma abstenção". Ou seja, ou o PSD votava contra ou lavava as mãos desde  o inicio. Patina na questão da segurança social, mas aqui, também PPC patina: reduzir a TSU é louvavel, mas impossivel se não se romper e mudar este sistema actual.

 

Educação parece ser o ponto forte de Rangel: Rigor e Exigência nas escolas. Trazer exames nacionais para os vários ciclos. Relançar o ensino profissional, e aqui admitamos que foi mal citado no i, com a brincadeira dos 12 anos. Gostei! No entanto, não percebi se isto implica a ruptura fundamental com o modelo da Escola Pública: Escola pública é diferente de Escolas do Estado.

Autonomia e cheque ensino? Devolver à Familia o poder sobre a educação dos seus filhos? Não percebi...

Também não gostei da fuga - partilhada por PPC - da questão dos professores. Adoraria ver um candidato a dizer uma coisa simples: exames de admissão à carreira docente. E não falo de psicotecnicos, mas sim exames da matéria que vão leccionar. (eles hoje em dia são escolhidos pela sua média de faculdade). Já é um avanço, mas confesso que esperava mais.

 

Nota-se que Rangel tem um problema político fundamental: Está colado a MFL. Tem duas opções: ou se demarca claramente, ou vai continuar a apanhar com PPC a persegui-lo com isso e assume essa herança.

Nota-se também que Rangel substima o poder da economia no eleitorado: a História prova que, em crise e sem dinheiro as pessoas trocam Liberdade por Segurança, Estados de Direito por demagogos que lhes oferecem uma possível solução facil. Não toca em aspectos como instituições e sociedade civil.

 

Pedro Passos Coelho:

 

É um socrates polido a debater. Tem um à vontade bom, quando o debate não tem um "regimento". Meteu o "Catedra na ordem" com os apartes como "se ler os discursos" -> "Eu tive lá! eu não li, eu ouvi!". 

 

PPC cai no típico erro da "social democracia": o que é que o "Estado pode intervir", mitigado com "indirectamente". Acrescenta que o "Estado tem de encontrar formas das boas empresas sobreviverem" e segue com o que o Estado pode fazer com um "fundo de apoio de emergência". Eu diria que se são boas empresas não precisam de garantias! Nota-se que começa a virar o bico ao prego "liberal". 

PPC cai também no erro de achar que bastar gerir melhor as "finanças" do ensino. Ignora que na base, está um modelo de Escola Pública errado! Concentra-se no alfabetismo formal, quando Rangel fala num analfabetismo funcional, e duma classe média que nada sabe. 

 

Em Economia patina menos (mal fosse, dado que é economista). Emendou o tiro dos "consumos intermédios" (alguém lhe deve ter dito que  um defice de 9% menos 5% não dá um número positivo!). Mas fica aquém da mudança: falou em "contenção escalonada" quando contenção real dos salários não resolve a questão, é preciso uma clara redução.

Mas para ser justo a reduzir, e aqui é preciso escalonar é verdade, também implica mandar parte para a reforma antecipada, e isso colocaria uma pressão demasiado grande no actual sistema.

Concorda com Rangel na TSU, mas aqui, tal como o anterior, fica muito aquém, e foge ao" terceiro carril": Reforma do sistema.

Fala do tecto nas despesas sociais (concordei com ele) e volta a patinar: é impossivel colocar um tecto nas despesas sociais (descontando estabilizadores automáticos) com a nossa piramide demografica sem romper e mudar (sim, estou a meter constantemente a ruptura e a mudança no mm saco!) o sistema actual de previdência social!

 

E parece-me que acha que isto basta para o país. Nada de mais errado: nenhuma das reformas que disse resolve o defice externo. E tem um erro de palmatória que eu achei vergonhoso (fiz "rewind" 3 vezes ao video, para ver se tinha ouvido bem!):

que temos excesso de capacidade exportadora. Errado! Temos é excesso de procura interna!

A Rangel, ainda dou de barato que faça isto...a um "Economista" que deu aulas, não admito! Decorou a cartilha, e nada mais! Tal como rangel, também não toca em protecção de instituições como a Familia, a comunidade, as igrejas.

 

Juizo final:

 

Não gostei! Os dois candidatos mostram que a mudança e a ruptura são mais do mesmo: escavar. Afloram mas não entram, tacticamente, nos "terceiros carris da política" (proteccionismo regulatório, segurança social, destatizar a sociedade, Autonomia das Escolas e Cheque Ensino, problemas que alimentam o defice externo, politica externa).

Fogem às mudanças essenciais. Só se ouve Estado Estado Estado: o que é que o Estado pode e deve fazer. Então e a "Sociedade Civil"? É pão para encher a boca nos discursos...não ouvi nada, nem hoje, nem ontem, sobre isto dos candidatos.

Entendo porque não ouço: ser coerente com essa punchline antiga do PSD implica romper e mudar a linha normal eleitoral do PSD: defender mais as instituições, assumindo uma posição que pode cair em "conservadora". Este é o "não toques" fundamental da politica do PSD.

 

Nota triste da Noite: a maneira como o debate termina, em que Ana Lourenço tem que se sobrepor aos 2 enquanto eles trocam acusações nas declarações finais, e tem de encerrar o debate com os oradores a trocarem "agressões verbais".

 

Confesso que esperava muito mais!

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