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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Faz o que eu digo, não faças o que eu faço...

Guilherme Diaz-Bérrio, 09.03.10

 

 

Este Post andava prometido a um companheiro de Blog à demasiado tempo. E antes de mais, peço desculpa o tamanho. É um tópico complexo, que acho que merece alguma atenção.

Vem a propósito de uma pergunta que, convenhamos, merece resposta. E não é a primeira vez que me a fazem:

"Porque é que te recusas a apoiar ou votar PPC ou em que é que discordarias dele se ele fosse Primeiro Ministro?". Verdade seja dita, "Rangelistas" também me a fizeram. No entanto, é mais facil responder: porque tem um pensamento demasiado centrado no Estado na Economia, como todos os outros que o antecederam.

No entanto, o argumento abaixo também se aplica de igual modo.

 

É uma pergunta legitima, convenhamos. Eu sou conhecido, aqui e "arredores" como o Porco Capitalista Liberal - crachá que vou alternando com "Velho dos Marretas" - logo, porque raio não voto no candidato "liberal"?

 

Vamos desde já limpar a discussão das "inflexões" que foram feitas. Em especial, limpar o facto de, se antes era "Liberal" e advogava uma "alternativa não socialista" e agora já propõe coisas como, «O Estado anda a pagar subsídios de desemprego enquanto as empresas vão falindo, quando podia pagar para que essas pessoas se mantivessem a trabalhar».

Vamos também tirar de cima da mesa o facto de cada vez mais abomino políticos que vivem à base do scetch d'O Gato Fedorento: "falam, falam, falam...", como se tem visto nas pequenas alterações discursivas de PPC - ao ponto de alguns mandatários me responderem que ele não "Liberal", é "Social Democrata".

 

A minha questão com PPC (e outros candidatos) é mais profunda, e vai ao "core" do que eu acho que está errado neste partido. A indefinição programática e ideológica. Ou melhor, o facto de nós nos recusar-mos a admitir que temos uma ideologia, e sermos consequentes com o que dizemos (daí o titulo do Post).

 

O problema é que não somos consequentes com o que dizemos e, a partir daqui a conversa costuma "descambar".

 

A nossa maior punchline é a Sociedade Civil. Não há um candidato a lider do partido, agora ou no passado, que não tenha usado este termo - ou derivado dele - para dar enfase a um discurso ou programa. Poucos no entanto sabem o que significa ou sequer de onde veio? Não acredito! O problema é que poucos estão dispostos a levar o argumento até à sua consequência lógica e coerente! Sociedade Civil o que é? ONGs que no final do dia acabam a depender de fundos públicos para sobreviverem? Ou serão as comunidades, as igrejas (plural, indefinido), as paroquias, as associações auto-organizadas, desde a desportiva de bairro à associação recriativa, as Misericórdias, as instituições que sobreviveram ao teste do tempo, como a Familia?

 

Agora é que a proverbial "porca" vai torcer o proverbial "rabo"! Porque neste momento os mais atentos estão a pensar numa palavra: Conservador. Os mais desatentos estão neste momento a chamar-me fascista, na cadeira. E os "Passo Coelhistas" acabam de "descobrir a polvora": Não votas PPC porque és ... conservador, dai não gostares do Mudar! Os meus amigos estão antes a pensar "mas espera ai... não eras liberal?"

 

Sou! Liberal Conversador, como muito orgulho e bastante dedicação. O problema é que em Portugal temos um problema: confunde-se Liberalismo com Individualismo e Relativismo Moral e confunde-se Conservadorismo com "reaccionários anti-mudança que querem voltar atrás no tempo".

 

Termino com isto: nos anos 90, quando a antiga União Sovietica implodiu, muita gente achou que bastava uma Economia de Mercado e um Sistema Democratico para se terem países desenvolvidos. Cedo se percebeu - é daqui que vem o termo "Sociedade Civil" - que falta o terceiro pilar: As instituições naturais da sociedade, como a Familia, as regras naturais da sociedade, como a Ética, que forneciam corpo. Precisamos sempre de regras para nos "bazilar". Como liberal sou alérgico a regras impostas do Estado. Mas, como liberal tenho que ter cuidado: no extremo o individuo nada pode. Logo, tenho que preservar os laços comunitários o mais possível.

 

Por isto é que não voto PPC: é ideológicamente incoerente. Não é Liberal...é Individualista! Há uma diferença grande. Não só não acredito que seja consequente com o que advoga (como já vi várias inflexões), como, o que advoga levado ao extremo é a continua desagregação da Sociedade Civil. Individualismo atómico é a resposta errada ao problema nacional de "Estado opressivo".

 

E será isto ou não o PSD? Antes de responderem categóricamente não, pensem bem nas duas rupturas fundamentais (Sá Carneiro e Cavaco Silva) e depois digam-me: não foram estas defesas, em ruptura com o status quo político, da sociedade civil, da pessoa humana, das instituições da sociedade? Não levaram eles, apesar dos rotulos todos (não, não pretendo mudar o nome do partido, basta-me que as pessoas entendam a consequência do que defendemos), o nosso programa à sua consequência e, como tal, foram tidos como os grandes reformadores que foram?

 

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