"We don't need no Education"...
...and look where it got us.
Há 9 anos foi a música dos Pink Floyd que marcou o momento no qual decidi que queria ir para Direito. Não vos venho falar das minhas escolhas profissionais. Venho falar-vos de Educação. Nesse dia, um advogado explicou-me porque estavam professores a manifestar-se junto ao Ministério da Educação, como esta música tinha sido revolucionária.
Só que nem todas as revoluções trazem coisas boas. Esta música é um hino, porém a mensagem em sentido literal provou-se perigosa.
O meu pai conta-me que antes do 25 de Abril, ninguém ousava correr no liceu Camões. Um cavalheiro não corria. Um cavalheiro chegava antes da hora. Pode parecer-vos um exagero, mas na verdade não era. A partir da semana da revolução os alunos puseram os pés em cima das secretárias, cuspiam sobre os professores e hoje já lhes batem. Esta é a geração dos nossos pais*. E se os professores não têm como exigir o respeito, os nossos pais, criados na geração de ruptura em que o professor era o mau da fita, também não respeitarão, provavelmente, os docentes.
Formação não é Educação
Embora aconteça frequentemente na actualidade, não acho que o ónus de educar caiba aos professores. Já assisti mais do que uma vez nos meus tempos de liceu, a alunos a baterem em professores. Isto deve-se à falta de respeito que os alunos têm pelos docentes. As escolas não têm muita margem de manobra coerciva e os pais falham a educar os filhos em relação ao respeito. Não gosto de nos comparar à Finlândia, mas este tipo de situações não acontece lá. Porquê? Porque às vezes é preferível não ter uma amizade com os alunos, que haver faltas de respeito nas salas de aula.
Educação é diferente de formação. A educação é um papel dos pais, a formação dos professores. Infelizmente está-nos a faltar as duas coisas.
E.D.U.C.A.N.D.O.
Primeiro que tudo, o sistema de educação está demasiado burocratizado. Em segundo lugar, muitos dos professores não têm a devida formação para dar aulas. Um terceiro ponto é a consequência de um ensino obrigatório pós 14 anos - se houvesse mais escolas profissionalizantes com efectivas saídas profissionais, não teríamos misturados alunos que não querem estudar para um ensino superior, com aqueles que querem efectivamente estudar. Vejam como exemplo o Prof. Cavaco Silva. Começou por um curso técnico e hoje em dia é Catedrático. Por último, mas não menos importante, é a necessidade de subir a fasquia da qualidade de ensino. Escola difícil = Vida fácil. Pode custar para muitos, mas só assim conseguiremos ter alunos mais uniformes e mais bem preparados para o futuro e para o ensino superior.