Ressaca de congresso
O PSD reuniu-se mais uma vez, já vão sendo muitas, para se (re)encontrar em Congresso. Desta vez, convocado por 2.500 pessoas, este Congresso trouxe de novo a virtude dos Congressos do Partido.
Estiveram presentes ex-líderes, algo cada vez mais raro na nossa história. Estiveram presentes e falaram. Foi um momento de interessante debate. Creio que de todos os discursos, três soaram mais alto e foram os mais arrebatadores. De Marcelo Rebelo de Sousa, a Pedro Santana Lopes, terminando no Presidente de Câmara das Caldas da Rainha. Marcelo fez um discurso de enorme elevação. Santana Lopes livre do polticamente correcto atacou as suas feridas, estava ali livre, espontâneo e foi sincero. Sofrer quando liderou, demonstrou um por um, que afinal nesta "família", nem todos puxam para o mesmo lado. Uma palavra ainda para relembrar o discurso de Estado de Alberto João Jardim, a assertividade Marques Mendes e novamente, Manuela Ferreira Leite a ser certeira nas críticas.
Depois observamos os nossos 4 candidatos a líder. Foi importante este momento. Não considero que tenha sido comício. Aliás em que comício dão de caras com os adversários? Foi um momento que possibilitou aos candidatos estar frente a frente com muitos dos seus eleitores e serem escutados, diria que quase pela primeira vez nesta campanha tiveram o "palco" merecido. Dos 4 importa destacar algumas questões.
Castanheira de Barros fez um papel muito triste. Não gostei de ver a postura, de gozo. Ele apresenta-se a Presidente de um Partido, não a apresentador de uma comédia qualquer. Não gostei em nada da postura.
Aguiar Branco, tinha aqui a possibilidade de fazer algum estrago, mas claramente não tem o perfil, nem capacidade de estar em palanque num congresso. São momentos diferentes, é preciso sentir a sala, é preciso ser capaz de mudar o registo. Passou ao lado e creio apagou-se no duelo que vem aí.
Paulo Rangel, depois de dois terríveis debates, tinha que dar tudo por tudo. Tentou, porém, a ideia de homem cheio de...ideias, começa a esfumar-se e invade os militantes. Um homem que fala forte e duro, mas...mas tem que voltar a marcar a agenda pelas ideias. Aí sim, poderia ganhar mais.
Passos Coelho, bem Passos Coelho chegou em primeiro, e para manter bastaria o registo do seu segundo discurso. No primeiro discurso, desde a sua biografia, aos momentos de "piada", até chegar ao perdoa-me Tio Alberto que te perdoo a ti, tudo correu mal.
Saio como entrei. Sem um nome para votar. Sem perceber como Marcelo Rebelo de Sousa, com um discurso brilhante, arrebatador, se esqueceu em casa do último parágrafo, algo do estilo:
"...depois de enumerar os pontos em que o futuro líder deve actuar, aqui estou, apresento-me a líder do PSD, com vontade de guiar o nosso Partido de novo ao Governo, com coragem para enfrentar tudo e todos..."