Passos de hoje rumo ao amanhã
André S. Machado, 12.04.10
O XXXIII Congresso do PSD, sob o lema "Unidos para Mudar Portugal", marca o início de um novo ciclo político. Pedro Passos Coelho é o rosto de uma nova liderança política na oposição ao Governo socialista e, no seu congresso de consagração, alargou ainda mais a esfera de legitimidade e força política que havia ganho com a esmagadora vitória nas eleições directas. E porque muita tinta já correu sobre o ontem, importa olhar para o hoje para desenhar o amanhã. Afinal, o congresso marcou o fim de um processo, mas foi também primeiro momento marcante de um novo estilo, de uma nova atitude e de uma nova mensagem. Por isso, hoje importa relevar o significado deste congresso e a partir dele vislumbrar aquilo que se seguirá para o partido que quer construir a alternativa a um governo que, nas palavras de PPC, está a condenar Portugal a uma "morte lenta".
A nível interno a união foi a palavra de ordem. A "rega da união", expressão que divertiu um ou outro blogger, tem, no entanto, significado político, no sentido de responsabilizar todos os militantes pela necessária unidade que é absolutamente necessária a um partido que quer falar a uma só voz. A inclusão de Paulo Rangel e Aguiar Branco no seu projecto político foi uma atitude-chave de PPC, na construção desse mesmo espírito. E sobre as listas concorrentes ao Conselho Nacional e Jurisdição nada mais são do que sinal da vitalidade do partido e da existência de altíssimos quadros (e permito-me destacar o "nosso" Paulo Colaço). Agora há que passar do bom discurso de abertura dos trabalhos aos actos em si, mas mais importante é preciso que nós, militantes do PSD, nos centremos na necessidade de estar unidos não só em torno do líder eleito, mas em torno de um ideal social-democrata que tem de presidir ao trabalho dos próximos meses, na construção da alternativa que Portugal tanto precisa.
A hora é de abrir o partido e falar para fora e os processos de revisão programática e estatutária, embora iminentemente do foro interno, são oportunidades para chamar a sociedade civil e o cidadão comum a participar na definição do PSD do séc. XXI. São duas importantes apostas da nova liderança.
E porque a hora é de falar para fora, o discurso de encerramento dos trabalhos do congresso foi o momento do fim-de-semana. Este é o registo que se pede ao presidente do PSD e líder da oposição. Propostas claras de onde se consegue extrair uma linha ideológica e programática sólida.
A revisão constitucional, que Portugal precisa numa lógica de actualização da sua base jurídico-política; a fiscalização rigorosa dos subsídios; a valorização da "economia social" e das instituições de solidariedade social; o posicionamento do Estado na Economia... Tudo matérias de extrema relevância para o país, que se espelham na moção estratégica de Pedro Passos Coelho, que se substanciam no seu discurso político, mas que é necessário consubstanciar em acções políticas concretas.
Acredito que o PSD está hoje mais forte, porque mais unido; mas há um caminho significativo a percorrer no sentido da afirmação clara da alternativa. É preciso apostar no trabalho da Comissão de Revisão do Programa do partido; é preciso pegar no bom trabalho de Alexandre Relvas no Instituto Francisco Sá Carneiro e dinamizar este espaço de intervenção política; é preciso liderar no Parlamento, através de um grupo parlamentar coeso, coordenado com estratégia.
São muitos e importantes os desafios que se colocam à nova liderança, mas pelo mandato de confiança que foi recebido de todos os militantes, reforçado no Congresso deste fim-de-semana, acredito que o PSD construirá a alternativa porque o país já não espera, mas desespera.