2010 - Odisseia na esquadra
Sou uma pessoa que defende a Justiça. Defendo que os polícias não têm suficientes condições, que o Ministério Público está preso por amarras processuais e burocráticas, que o sistema judicial tem falta de recursos humanos.
Basicamente acho que há muito para ser melhorado.
Day one - Terror in the night!
Na terça-feira à noite um amigo meu foi furtado ao meu lado, num restaurante, por dois indivíduos brasileiros.
Nessa mesma noite, fomos participar o furto na esquadra mais próxima ao domicílio.
Entre chaves de casa e do escritório, chaves e rádio do carro, pen usb com trabalho e dados de clientes, fora os documentos identificativos e cartões de débito, as perdas foram preocupantes.
Chegámos à esquadra e fomos prontamente recebidos. Afirmei de imediato que poderia fazer um reconhecimento de pelo menos um dos suspeitos - parecia-se com um conhecido meu, e portanto a cara tinha-me ficado gravada na memória.
Quando acabámos de prestar declarações, o agente informou-nos que poderíamos acrescentar dados novos ao processo. Perguntei-lhe se haveria a possibilidade de me deslocar à esquadra para fazer um retrato robô ou algo similar. Disse que com os dados do processo o poderia fazer a qualquer altura, em qualquer esquadra.
Day Two - Running around
No dia seguinte, o meu amigo foi bloquear o IMEI do telemóvel a um centro comercial. Deslocou-se então à esquadra mais próxima para dar o número do IMEI do telemóvel. 3 agentes estavam a atender uma senhora. Disseram ao meu amigo que não tinham tempo para o atender e que ou fosse a outra esquadra ou voltasse mais tarde.
Foi então à primeira esquadra para participar os novos dados. Quando se desloca ao banco, disseram-lhe que um dos cartões fora apreendido por um Multibanco. Não disseram onde.
Pelo dia foi pedindo segundas vias da Carta de Condução e Cartão Único e mudando as fechaduras de casa (para depois o seguro lhe dizer que como foi um furto e não um roubo - já que não foi violento - não recebia o valor que gastou).
Day Three - Câmaras para quê?
O meu amigo voltou ao banco. Quis saber onde é que o cartão tinha ficado retido. Num Balcão perto do Rato, relativamente próximo do local onde fora furtado. Lembrou-se que poderia haver uma câmara que ajudasse a identificar os autores.
Deslocou-se à PJ. Simpaticamente, informaram-no que poderiam efectuar nova queixa, mas que iria para a PSP, dado ser do seu âmbito. Foi à esquadra. Só na manhã seguinte se poderia ir à dependência, já que o banco já fechara. Voltei a ir com ele e a reforçar que poderia fazer um retrato robô. Desta vez o agente disse que só se me deslocasse à PJ.
Day Four - Notification please
De manhã cedinho voltámos à esquadra. Telefonaram para a dependência do banco. O Multibanco da rua não tinha câmara.
Disse que era uma pena. Assim só poderia identificar na PJ. A agente finalmente acordou e passou-me uma notificação para me deslocar à PJ e fazer um reconhecimento fotográfico (que não era o que queria, mas enfim).
Conclusões:
- Tenham cuidado em todo o lado. Lisboa está cada vez mais insegura.
- Quando forem assaltados digam que foram roubados (com violência ou ameaça física), senão, esqueçam o seguro. E se ficarem sem chaves de casa, não mudem as fechaduras. É mais fácil fazer uma participação ao seguro depois de chegarem a casa e perceberem que foi "limpa", ou acordarem a meio da noite com ladrões armados nos vossos quartos.
- Cancelem imediatamente os cartões - assim se forem apanhados, talvez haja câmaras que identifiquem os ladrões
- Todos os multibancos deveriam ter essas câmaras embutidas, ou pelo menos nas paredes, para proteger os clientes em casos de roubos e furtos. Afinal, temos legislação para quê?
- Quando forem participar algo do género, desloquem-se à PJ. Não é da sua competência e o processo é reenviado para a PSP, mas pelo menos são mais diligentes e atenciosos.
- 5 visitas à esquadra e só na última me arranjam um mísero papelinho para poder fazer um reconhecimento que nem é tão eficaz como o que sugeri. Afinal, fui eu que não fui clara, ou foram os agentes que não me souberam dizer o que fazer ou ajudar a fazê-lo?
- Façam backups constantes dos vossos dados em pens e telemoveis...nunca sabemos quando o azar bate à porta.
- Tentem procurar esquadras com 6 ou mais agentes de serviço. Se 3 só conseguem atender uma senhora, então para vos atenderem a vós serão precisos mais de seis...