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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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Casa Pia: o principio do fim...II

Essi Silva, 03.09.10

8 anos. Passaram-se 8 anos desde que percebi pela primeira vez o que era pedofilia.

Tinha 12 anos quando o caso Casa Pia ecoou pela Comunicação Social.

Com essa idade não sabia bem o que era pedofilia. Gelaram-me os ossos quando me apercebi o que implicava na realidade. Porque percebi como era inocente e frágil em comparação com um adulto.

Na altura, sabia bem que a Justiça em Portugal não era cega, nem surda, nem muda, tampouco célere. Que na mão dos bons advogados se poderia fazer Justiça ou não e que o dinheiro e influência conta. E muito.

 

8 anos de processo não me chocam. É um assunto pesado, que não é fácil de provar.

Chocante é o resultado. Isso sim. Chocante é a forma como o processo foi conduzido, como as perícias foram feitas.

7 arguidos a serem condenados é brincar com o povo. Não vos vou dizer que mereciam penas maiores. Talvez a sociedade faça justiça porque a vida destes homens e mulheres mudou para sempre. Mas o número de arguidos envolvidos e condenados é ridículo.

 

Infelizmente a pedofilia é um problema que atinge vários sectores da sociedade. Homens e mulheres. Comunistas ou fascistas.

O que eu não entendo, é como é que só 7 gatos pingados é que são condenados. Como é que um juiz, por querer escavar mais fundo é afastado. Como é que há perícias que são antecipadas por alguns dos arguidos que foram envolvidos no processo.

Também gostava de saber porque é que outras testemunhas vitais, como o empregado de um dos condenados que serviria de intermediário, não foram chamadas a depor.

Mas como disse: a Justiça em Portugal não é cega, nem surda, nem muda.

Portanto não é de admirar que alguns arguidos, muito bem colocados nas esferas de influência socio-política portuguesa, soubessem quando seriam as perícias e sobre o que incidiriam. Ou que juízes fossem considerados imparciais (seria ele casa-piano?). Ou que o caso não averiguasse mais a fundo em vez de se ficar pelos bodes expiatórios. (culpados sim, mas não seriam os únicos).

Uma senhora casa-piana, amiga de Bibi, afirmava até que o problema do país não era a envolvência de Bibi, seria sim o país estar cheio de Bibis.

Coisa que achei de extremo mau gosto, sucedeu-se quando um condenado, declarou  em entrevista que não podemos esperar outra coisa de crianças desfavorecidas que num ambiente de jovens da classe média e alta, tinham de se afirmar. Bem sei que alguns dos jovens não são tão inocentes assim. Mas foram, sem dúvida usados devido à sua fragilidade. Por alguma razão a maioridade jurídica é garantida normalmente aos 18 anos, mas nem com essa idade se garante que o jovem seja responsável e consciente.

 

Aquando a leitura do acórdão e a chamada de atenção para a responsabilidade da instituição  que tinha como dever cuidar dos seus protegidos, achei interessante que o arguido com a pena  mais dura, fosse responsável por uma indemnização certamente acima das suas possibilidades, especialmente tendo em conta a sua colaboração nas investigações, sendo lógico que a  instituição contribuísse na liquidação das indemnizações, já que se destacou pela inércia a  ajudar a cessar as agressões.

Mas infelizmente, nem a instituição que os acolhia, nem o Instituto de Apoio à Criança, protegeu quem deveria ter protegido.

Voltando ao dia de hoje, isto é só um princípio do fim.

O sumário do Acórdão saído do colectivo de juízes foi lido. Acusações em relação à sua completude foram lançadas. Recursos serão interpostos e aquelas penas de prisão serão provavelmente levadas com o vento.

Vícios privados, públicas virtudes. 8 anos, 7 arguidos, indemnizações e penas de prisão, darão lugar a mais tempo de impasse pelos Tribunais superiores. Talvez um dia se veja um bocado de Justiça. Só um bocadinho, do muito que ficou por se fazer.

 

 

 

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