Talvez agora?

A imigração sempre foi um tópico quente e um que, basta alguém usar a palavra "racismo", perde logo qualquer seriedade, passando para extremos. De modo a que se evite tal, e porque ninguém quer ser conhecido por ser racista ou xenófobo, não se discute tal tópico. O resultado: ondas de imigração descontrolada, uma não-integração em quase todos os países europeus, um muito comum desconforto dos locais e dos imigrantes.
Hoje, começa-se a debater o assunto, e uma das vozes mais audíveis vem de um país que durante décadas teve uma identidade nacional ténue, e que ainda hoje continua com complexos de voltar a afirmá-la. 30% dos alemães pensa hoje que o país está a ser "atropelado (à falta de melhor palavra) por estrangeiros". Merkel veio dizer que a tentativa de construir uma sociedade multicultural "falhou miseravelmente", e que os imigrantes de hoje devem integrar-se e, note-se, aprender Alemão. Palavras fortes e que não deixam ninguém indiferentes. Mas serão excessivas, ou simplesmente realistas?
Com o desconhecimento, cria-se medo. Com o medo, hostiliza-se a "ameaça". E, se hoje, isso pode não parecer algo relevante, há números que dizem que, pós 2035, o declínio demográfico europeu será ainda mais acentuado, pois nem os filhos dos imigrantes serão suficientes para inverter tal tendência. Prevê-se, portanto, que se torne necessário atrair imigrantes para a Europa. E, continuando nesta senda, quem se interessará?
Será assim tão complicado deixar o politicamente correcto e qualquer toque de extremismo de lado, discutindo tais matérias de uma forma séria e com a atenção que merecem? Só assim poderemos perceber a dimensão da temática, perceber quais as atitudes mais razoáveis a tomar, de modo a que nem os locais nem os imigrantes sintam qualquer traço de hostilidade. Há muito a ganhar com a imigração. Não falando de tal, ninguém o percebe, e ficamos todos a perder.