Lições do cinema brasileiro...
2011 está à espreita e será um ano de stress social em Portugal. Prevêem-se cortes nos apoios sociais como consequência das medidas de austeridade orçamental; agravamento da crise económica e, possivelmente, escalada dos números do desemprego.
É certo que facilmente fazemos o discurso contra aqueles que, em pleno domínio das suas competências físicas, se refugiam em subsídios estatais... Este discurso é legítimo. Mas também é, muitas vezes, populista. Porque não olha ao cerne da questão: o facto de termos em Portugal uma fatia da população que não tem qualificações para se adaptar ao mercado de trabalho e que lhe é excedentária. Isto é, trata-se de uma fatia de população que não encontra lugar no mercado de trabalho por falta de qualificações e cuja barreira do salário mínimo exclui do próprio mercado de trabalho. O que fazer com estas pessoas? Este ano, muitos deles verão revogado o seu sustento. Que país social resultará deste exercício? Infelizmente, não me sinto optimista e temo que estejamos a caminhar para a latino-americanização da nossa sociedade.
Temo que os portugueses pobres, já muito pressionados com os números do desemprego e exclusão social, venham a sofrer uma tendência de marginalização, à semelhança da realidade vivida nas grandes metrópoles brasileiras, onde a fragilidade económica, sobretudo dos jovens, leva facilmente a fenómenos de exclusão social. Deixo a sugestão, aos que comigo partilham, não apenas, o receio de um futuro turbulento mas também a paixão por bom cinema, alguns títulos que retratam a fragilidade dos valores e principios perante a carência económica e a exclusão social:
Se nada mais der certo, José Eduardo Belmonte (2008)
Linha de Passe, Walter Salles (2008)
É bom que parem todos para pensar em que país nos tornaremos no dia em que marginalizarmos uma fatia importante da sociedade na pobreza. A classe média e a alta têm mais a perder do que julgam... Porque a pobreza ameaça a segurança, e em última análise, a democracia e a própria liberdade...