Machismo é sinónimo de violência?

Catarina Rocha Ferreira, 16.02.11

Na América Latina, berço do “macho man”, têm surgido várias campanhas anti-machismo, numa tentativa de se redefinir o que significa ser um homem “latino”.

No México lançaram este mês a telenovela “El Sexo Débil" com o slogan: "Enquanto formos macho, continuaremos a ser o sexo fraco”

O Governo Chileno lançou anúncios contra o machismo com o slogan "Maricon, el que maltrata a una mujer"

e no Equador também se lançou a campanha "Reacciona Equador, el machismo es violencia"

O objectivo é a alteração da atitude dos homens que maltratam as mulheres devido a uma ideia errada do conceito de "masculinidade".

Em Portugal a polícia recebe 86 queixas de violência doméstica por dia. Só no ano de 2010 a PSP e a GNR receberam 31 220 queixas, sendo este um crime que é exercido maioritariamente sobre mulheres.

Será que em Portugal também se tem ainda uma ideia errada sobre a masculinidade?

20 comentários

Paulo Pinheiro 16.02.2011

Catarina, achas que os actuais casos em Portugal de homens baterem em mulheres sendo um sinal de virilidade, ainda se mantém?

Ou os casos que acontecem actualmente em Portugal, na sua generalidade, são actos praticados por homens que são violentos por natureza, e que tanto batem na sua mulher ou em qualquer outra pessoa (tendencialmente mais vulnerável)?
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Catarina Rocha Ferreira 16.02.2011

É uma reflexão que se deve fazer - quais são os motivos que estão subjacentes aos casos de violência doméstica no nosso país. Eu não tenho a resposta na manga e não podemos fechar os olhos a outros factores, p.ex. alcoolismo, etc. no entanto parece-me que um conceito errado de masculinidade também influenciará uma propensão para a violência, conceito esse que também poderá originar a que se resolvam mais assuntos "à porrada" e a comportamentos violentos para com terceiros. No entanto nem todos os homens que são violentos em casa são violentos na rua, estão sempre a surgir casos de homens que no plano social têm comportamentos aparentemente equilibrados e em casa são violentos.
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Paulo Pinheiro 16.02.2011

Percebendo e aceitando o que dizes no último parágrafo, acho que actualmente esses homens não são bem vistos pela generalidade dos outros homens.

Felizmente não tenho conhecimento de nenhum caso, mas aceito que possam existir no silêncio do lar.

Mas também acho que actualmente quando um homem quando bate na mulher, o que antes poderia ser visto junto dos amigos com um acto exemplar, hoje acredito (e espero) que seja visto com repugnância, pela maioria dos homens.

Mas o importante daqui é, obviamente: violência doméstica não é de sexo forte, é de sexo fraco! E sempre fui contra nestes casos, de "entre marido e mulher não se põe a colher"!
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Sandra Gomes 16.02.2011

Catarina, levantaste a discussão de um tema bastante polémico, mas que faz parte da realidade de muitas famílias portuguesas.

Falas em dois conceitos que não considero serem a mesma coisa, o machismo e a masculinidade.

O machismo é "a crença de que os homens são superiores às mulheres" (Wikipédia), já masculinidade refere-se à imagem estereotipada de um indivíduo, neste caso, o homem. Ou seja, conceitos bastante distintos.

Acredito que um indivíduo machista pode ter comportamentos, directos ou indirectos, que levem à violência doméstica, que não é só pancada. Mas não penso que masculinidade seja um factor relacionado à violência doméstica.

Penso que muitos dos agressores são indivíduos fracos, que recorrem a este tipo de violência, como forma de se afirmarem, de deitar para fora os seus problemas, culparem alguém pelos próprios fracassos, que necessitam de se sentirem superiores, nem que apenas seja dentro do próprio lar. Sem esquecer aqueles que têm instintos maus, que são bastantes.

Será que as pessoas sabem distinguir estes dois conceitos?
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IT 16.02.2011

O K: pôs o dedo na ferida. Na maior parte de Portugal as mulheres -a abelha mestra- são a trave do lar. Muitas vezes eles sabem-no e se são respeitadores, fazem como o K: lol

Há contudo outros casos, o do homem que julga ser alguém por bater na mulher. Se às vezes são frustrados sociais a descarregar, muitas vezes são impelidos pelas MULHERES do seu clã (mãe e irmãs). Aqui o homem não cede à esposa, mas continua dependente psicologicamente de mulheres -é mentalmente infantil, não largou pai e mãe para se casar.

O problema do alcoolismo, não é : IN VINO, VERITAS.
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Catarina Rocha Ferreira 16.02.2011

Aliás o machismo tem uma conotação muito mais mais forte na América Latina do que em Portugal, daí questionar o que é a masculinidade para os portugueses e não o que é o machismo, no entanto, dentro dessa imagem preconcebida de masculinidade o problema é que ainda há meios onde predomina uma interligação entre a masculinidade e o machismo que leve a determinadas atitudes e comportamentos que não deviam existir.
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