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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

Duarte Marques no Expresso

Diogo Agostinho, 02.03.11

Tempo de largar a playstation  O nosso 25 de Abril?

 

"De um momento para o outro Portugal acordou para o problema dos jovens, para a gritante falta de oportunidades de emprego, para a falta de preparação com que se sai do ensino superior, para um túnel sem fim à vista que novas gerações percorrem.

Curioso, ou talvez não, é que esta oportunidade mediática, abrindo telejornais e fazendo primeiras páginas de jornais, é coincidente com as duas revoltas verificadas na Tunísia e no Egipto. Será que esta febre ou moda deriva do facto destas duas revoluções terem sido lideradas por jovens? Será que o hino dos Deolinda onde o grito do Ipiranga assume uma nova força, conseguiu alertar a sociedade para as gerações sem futuro?

Não interessa a origem, mas finalmente, graúdos, governantes e líderes de opinião publicada preocupam-se com o nosso futuro, depois de anos de alertas de estruturas de juventude, investigadores, mas sobretudo da realidade da nossa geração ter evidenciado isso mesmo. Custou mas foi!

Espero que seja desta que os Jovens sejam uma prioridade política. Basta de discursos.

A sociedade que aqui nos trouxe é simultaneamente aquela que não dá oportunidades aos jovens, que empenha o seu futuro, bem como a que permite que idosos sejam abandonados na sua casa ou em qualquer lar ou casa de repouso.

A falta de solidariedade inter-geracional tem dois sentidos e alguém fica no meio, alguém que deveria ter assumido as suas responsabilidades. A culpa não é só deste Governo ou de Governos anteriores, mas principalmente de todos, dos que não decidiram, nem legislaram mas também daqueles que ficaram em casa.Temos e tivemos os governos que merecemos porque foram esses os governos que escolhemos ou deixámos que escolhessem por nós.

A geração dos nossos pais está a viver à custa de créditos que a nossa e as seguintes gerações vão ter que pagar, decisão essa para a qual não fomos consultados ou porque não pudemos (idade de voto não permite) ou porque também não nos preocupamos em ir votar. A situação que o país vive é uma situação que nós não criámos mas que nós vamos ter que resolver.

Hoje muito se fala nos jovens licenciados que não conseguem trabalho apesar dos seus “excelentes” diplomas envoltos em excelentes molduras. Quando mudará a formação em Portugal? Quando podemos aspirar a uma formação mais virada para as competências e para a realidade do mercado de trabalho? Há-que ter coragem de fechar cursos e escolas, de adequar a oferta à procura do mercado de trabalho e deixar de enganar alunos e pais que se esforçam para pagar propinas na ilusão de um curso que lhes garante um emprego bem remunerado no final.

No tempo dos nossos pais, quem podia, investia na formação superior porque isso garantia uma remuneração mais elevada. Já repararam que hoje, apesar dos nossos pais investirem em média 20 mil euros na nossa licenciatura, depois ganhamos, quando ganhamos, a mesma remuneração da empregada doméstica (daqueles que a têm…) lá de casa?

Hoje, além de não termos trabalho ou a remuneração adequada, não vemos o mérito ser reconhecido. Um jovem que se esforce, que estude, que seja um bom profissional com espírito de sacrifício não tem garantias nem expectativas que isso lhe garanta uma melhor remuneração. Hoje a qualidade não é sinónimo de sucesso. Hoje o esforço não significa recompensa. Hoje o sacrifício não significa reconhecimento.Em Portugal não há igualdade de oportunidades e é isso que cabe ao Estado inverter, a oportunidade deve ser resultado da responsabilidade, do esforço, da competência e da qualidade.

Nós não queremos subsídios ou facilidades, queremos sim a oportunidade de mostrar o nosso valor acrescentado. Nós não nos importamos de ser avaliados nem responsabilizados. Não queremos é ser obrigados a emigrar para ter uma oportunidade.

Por melhores que sejam as estatíticas de um país, como o PIB, as exportações, quando a geração do futuro vive assim agrilhoada isso é sinal de um país sub-desenvolvido, pois esse é um país e uma sociedade que endivida o seu futuro para viver uma ilusão no presente.

Está na hora da nossa geração lutar pelo seu futuro. Dizer o que quer e para onde quer ir. Este é também o tempo de fazermos a nossa revolução. De deixarmos de estar em casa agarrados à playstation, para quem a pode ter, de deixarmos de viver em casa dos nossos pais agarrados ao comando da televisão e ao facebook despejando toda a sua fúria apenas contra o 'sistema'. Se querem mudança participemos nela, protestemos juntos, vamos fazer o nosso próprio 25 de Abril. Não esperemos que aqueles que o hipotecaram o tentem fazer por nós.  É tempo de sermos os construtores do nosso próprio futuro.

Não somos a geração rasca nem uma geração à rasca. Até podemos ficar conhecidos pela geração Deolinda, mas está nas nossas mãos lutar para resgatarmos o nosso futuro e sermos a geração da oportunidade. Os nossos pais lutaram pela liberdade à qual nem sempre damos o devido valor, mas nós temos que lutar pela oportunidade ou pelo menos pela nossa dignidade."

Este sábado ao ler o Jornal Expresso deparei-me com o texto do Presidente da JSD. Texto claro, directo ao assunto esquecido noutros tempos. Gostei da visão e sobretudo do destaque que mereceu e merece um Líder da JSD.

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