"Ordem dos Médicos promove homofobia"
Foi a conclusão mais imediata a tirar depois do artigo que me mostraram em mão e do que depois li na imprensa a respeito do assunto.
É natural que cada um tenha a sua opinião, que cada médico tenha as suas opiniões pessoais. Mas há que haver profissionalismo!
Isto a respeito do artigo O sentido do sexo, da autoria de William H. Clode, Chefe do Serviço Hospitalar do Instituto Português de Oncologia, publicado na edição de Janeiro da Revista da Ordem dos Médicos.*
Segundo o autor, os homossexuais são, nomeadamente, doentes, portadores de taras, anormais, com condutas repugnantes e higiene degradante, para além de carecerem de correcção.
Para além disso, o director do IPO declara que a homossexualidade acarreta doenças e desvios concluindo que não têm sequer direito à dignidade nos afectos. Lê-se ainda, comportamentos estereotipados como gestos, fala, indumentária, gostos e manifestações subtis que permitem identificar os indivíduos.
Como se isto não fosse suficientemente grave, vindo de um director, o artigo foi publicado (embora viole normas constitucionais e penais!! sobre discriminação sexual) e o Bastonário defendeu-se com a liberdade de expressão e a democracia.
Acrescenta que se nós usássemos a nossa opinião pessoal para decidir quais os artigos que eram ou não publicados estávamos a regressar a um esquema de censura que nos recorda um passado não muito distante que não é desejável nem recomendável.
O bastonário defende ainda que não há censura na Revista da Ordem dos Médicos, nem ninguém na Revista usa as suas opiniões pessoais para censurar a opinião dos outros. Isso não seria estar a viver em democracia e afirma que tudo foi feito de forma transparente, democrática e normal.
Infelizmente, liberdade de expressão significa nos dias de hoje dizer o que se quer e isso inclui discriminar a seu bel prazer!
* Na notícia publicada pelo Público, constata-se que segundo o IPO o autor do artigo não é director do IPO nem alguma vez esteve empregado no IPO. Estranho que a Revista da Ordem não confirme as suas fontes, não é?