O pântano
É impossível ler as palavras proferidas hoje por Jorge Lacão, a propósito da decisão de Passos Coelho em denunciar o acordo feito do PEC sem sentir um aperto no estômago. Lacão disse hoje "que o esforço de consolidação adicional é a contrapartida portuguesa para obter a ajuda europeia". Disse ainda que este esforço é necessário para acalmar os mercados e para garantir a solidariedade institucional na União Europeia e teme que Passos Coelho precipite uma crise política.
Eu pergunto como é possível que tenhamos como primeiro-ministro e ministros deste país pessoas tão irresponsáveis que, perante uma situação de ruptura financeira e perante a situação social alarmante que o país vive, fazem jogadas políticas obscenas que constituem ameaças veladas ao futuro do país. A forma como o governo geriu todo este processo é no mínimo um insulto aos portugueses. Negociar um pacote de medidas em Bruxelas e depois chantagear a Assembleia da República, que lembre-se representa o povo português, para a aprovação do mesmo é, por si só, a total subversão do regime democrático e é um sinal evidente de que este governo hipotecou a soberania nacional. Assim sendo, eu prefiro que se precipite uma crise política.