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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

A voz da Rádio

Essi Silva, 22.03.11

 

Foi o que há um par de anos disse a Artur Agostinho. Cruzámo-nos na rua, já que este era quase meu vizinho.

 

Nascido a 25 de Dezembro de 1920, em Lisboa, Artur Fernandes Agostinho deixou um legado incomparável na história da comunicação portuguesa.

Descobriu que podia ter talento quando, para ganhar algum dinheiro, começou a passar música num clube e entre mudar de vinil lançava algumas piadas e conversava.

Aos 25 integrou a Emissora Nacional, sendo um pioneiro do jornalismo desportivo radiofónico, dos relatos de jogos de futebol, e marcando as reportagens da Volta a Portugal em bicicleta.

No departamento desportivo da Renascença, é recordado como a personificação da rádio per se.

Artur Agostinho foi como um pai para a rádio, representando-a, proporcionando o seu crescimento e a qualidade da informação desportiva, legado que jamais deverá ser esquecido. Conseguiu levar a rádio de todas as formas possíveis à população dada a sua versatilidade. Algo único.

 

Viveu com censura e sem censura. Em ditadura e em democracia. Exilou-se no Brasil de forma voluntária, mas voltou para nos graciar com a sua experiência e inovação.

 

Participou em filmes e em novelas, tendo sido para mim memorável a sua participação n'O Leão da Estrela, Capas Negras, Cantiga da Rua e O Tarzan do 5.º Esquerdo.

Sportinguista, dirigiu ainda o jornal do clube, bem como o Record.

 

Pelo seu contributo, foi condecorado pelo Presidente com a Comenda da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e com o Prémio Carreira dos Globos de Ouro. Condecorações essas, que, para mim, expressam pouco o quão grato deveria o povo portugues estar com os 65 anos de carreira que AA nos proporcionou.

 

Aos 90 anos era um homem sábio e um óptimo conselheiro. Tinha perfil no Facebook e amigos do país e de fora do país, uns mais jovens, outros menos jovens, mas que nutriam carinho pelo mesmo. Tantos anos a comunicar, achava que o mal dos nossos dias era as pessoas não comunicarem, não falarem umas com as outras.

Eu tive o prazer de agradecer o seu trabalho. A resposta que me deu, foi simples e inesquecível: "Obrigado eu, por me terem ouvido e deixado ser uma pessoa e um profissional melhor".

 

Reitero o meu agradecimento, hoje, na data da sua morte. Obrigada pelo seu contributo a trazer o futebol, o desporto e em geral a rádio até nós!

 

 

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