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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

Afinal, quem é que recusa o diálogo?

Rui C Pinto, 27.05.11

O dia 26 de Maio, 4º dia de campanha eleitoral:

 

O dia foi marcado por uma polémica estulta e orquestrada em torno da Interrupção Voluntária da Gravidez. Senão, vejamos:

 

Em entrevista à Rádio Renascença, Passos Coelho defendeu que:

a última lei do aborto aprovada pelo Parlamento pode «ter ido um pouco longe demais» e tem de ser reavaliada, admitindo a possibilidade de realização de um novo referendo, mas apenas após essa avaliação.À tarde, Pedro Passos Coelho garantiu que não vai propor um novo referendo, mas admitiu que isso possa acontecer por iniciativa de cidadãos, lembrando que a ideia não consta do programa do partido. 

A reacção foi imediata pela voz de José Sócrates e não podia ser mais clara:

"Quem assim se comporta, não é merecedor de confiança", disse ainda o líder socialista, que se confessara "chocado", em declarações aos jornalistas, com o que ouvira nessa manhã ao seu homólogo social-democrata. No palco, gritou como pôde (a sua voz está a fraquejar), levando a assistência ao rubro: "Não queremos voltar ao tempo do aborto clandestino"

Porém, ao fim do dia, parece que afinal estamos todos de acordo e a alucinação política durante todo o dia não passou de ruído e vontade de fugir ao debate político. Quem esclarece é Augusto Santos Silva:

“É sempre possível melhorar as coisas. Nós entendemos que a lei deve ser constantemente avaliada, é uma evidência, visto que a Direcção-Geral de Saúde publica anualmente os relatórios sobre a aplicação da lei, esses relatórios são públicos, esses relatórios são discutidos e auditados pela comunidade médica, técnica e científica. A avaliação faz-se para que seja sempre possível introduzir  melhorias e eliminar imperfeições”

Afinal, não havia motivos para um dia de ataques ferozes em vozes roucas, de histeria colectiva contra ideologias medievais que nos querem mergulhar na penumbra da clandestinidade. Afinal, estamos todos de acordo quanto à necessidade de melhorar a lei do aborto e sobretudo avaliar os resultados da sua aplicação. Dito isto, não esqueçamos que é o Partido Socialista que defende o diálogo em torno de propostas e de soluções para o país! É o Partido Socialista que apela a entendimentos e repudia o ataque constante a José Sócrates.