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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

Nas autárquicas, a Culpa, não é a Tia solteirona - I

Essi Silva, 04.10.13
Em 2009 fui eleita pela primeira-vez para a - quase extinta - freguesia do Alto do Pina. Foi a minha quarta campanha autárquica, terceira a sério, sendo que já me metia nisto antes de ser militante de coisa alguma.

Há quatro anos, apoiei Pedro Santana Lopes e não me arrependo disso. A campanha foi, por vezes, caótica. Mas tínhamos um bom candidato e na altura, mesmo com uma agenda de campanha confusa, fizemos boas acções de campanha, com um candidato sério e seguro. Seguro que era, o melhor para Lisboa.

Os resultados para a minha área de Secção - extinta em Fevereiro 11' - foram positivos em 2009: Alto do Pina com clara maioria do PSD, o mesmo em S. João de Brito, S. João de Deus, Nossa Senhora de Fátima, Alvalade e vitória, à tangente, no Campo Grande. Era o nosso oásis laranja e tirando um caso, sei que os presidentes dessas freguesias fizeram (um bom) trabalho.

Hoje a realidade é diferente. A freguesia do Areeiro - Alto do Pina e S. João de Deus - é do PSD por uma unha negra. Nossa Senhora de Fátima (que se fundiu com S. Sebastião da Pedreira) também - não sei bem como. Mas perdemos Alvalade para o PS. E Alvalade foi sempre um bastião social-democrata. Um forte do PSD.

Já sabíamos que estas eleições nos iam correr mal. Começando pelo factor de penalização nas eleições autárquicas pelas medidas tomadas pelo Governo de Pedro Passos Coelho. Com isso já contávamos. Especialmente em freguesias habitadas por uma maioria idosa, afectada com as alterações nas pensões e mais do que isso, a nova lei das rendas.

Igualmente grave, foi a escolha de alguns candidatos por Lisboa. Impostos pelo partido por questões de força e poder e nem tanto pelo factor de mérito e credibilidade. Pelas Avenidas Novas, a facção que durante dois anos andou a criticar duramente a presidente, eleita pelo PSD, pelas atenções que concentrou à volta do candidato, deveria ter levado a uma vitória mais soberba sobre o PS. No Areeiro, se calhar teria sido igualmente boa ideia não colocar em destaque o nome de um ex-presidente (não me refiro obviamente ao cabeça de lista, nem à "família" do Alto do Pina - cujo património é, no mínimo, simpático) que, segundo consta, desfalcou o património da freguesia, pela má gestão que fez.

Triagem: 10 anos depois é de quem?

Essi Silva, 27.08.13
 
Enfermeira - Então o que se passa?
Paciente - Dói-me a cara toda, os dentes do maxilar superior no lado direito e estou a escorrer muco das narinas. 
Enfermeira - Tem dores na cara. Ora isso deveria ser de Maxilofacial. Ou então de Otorrinolaringologia. O que acha melhor?

Esta conversa passou-se há um ano no Hospital S. José. Não teria corrido tão bem se eu não tivesse o mínimo conhecimento de Saúde e percebesse que tinha uma sinusite. 

A verdade é que não é suposto ser o paciente a saber o que tem e qual o serviço que melhor o ajudará a resolver o seu problema de saúde. 
Mas também duvido que os médicos - a não ser os mais jovens - se queiram submeter a prestar este serviço, o que pode dar no mesmo. 

Para além disso, haverá staff suficiente para assegurar esse serviço? E o que acontecerá aos enfermeiros "a mais"?

Arrancou ontem!

Essi Silva, 27.08.13
Arrancou ontem mais uma UV da JSD, PSD e IFSC. 
Como sabem, a iniciativa tem importância para o Psicolaranja, tendo em conta que, não só o blog nasceu de ex-alunos da UV, como sempre foi recrutar autores à UV.

Para além das aulas e dos jantares-conferência que preenchem a mente, ou os trabalhos e projectos que ocupam o tempo, temos na UV algo que enche o espírito e trabalha o lado empírico da política: o contacto humano com jovens de várias faixas etárias, de ambos os sexos, com origens nas mais variadas zonas do país, sempre à conversa.

Quem já foi a uma UV sabe que é uma experiência inesquecível. E embora não se consiga repetir (já que só se pode frequentar uma vez a UV), é possível ao ex-aluno, de sua casa, acompanhar as aulas em streaming e colocar questões aos oradores. Assim, aprender é sempre possível, ainda que a Km de distância de Castelo de Vide. 

O Programa está disponível aqui

1949 - 2013

Essi Silva, 25.08.13

Licenciado em Economia e Finanças pelo ISCEF, mestrou-se e doutorou-se nos Estados Unidos. Foi Vice-Governador do Banco de Portugal, professor de Economia na Univ. Nova, Vice-Presidente do Conselho de Administração da Goldman Sachs em Londres, para além de ter passado também pela administração do Citibank, BNP Paribas, Petrogal, Sonae, Jerónimo Martins, Cimpor e Vista Alegre.
Foi ainda consultor do Departamento do Tesouro dos EUA, da OCDE e colaborador na UE aquando a criação da UEconómica e Monetária.
No PSD foi Vice-Presidente da Comissão Política Nacional de 2008-2010. Era considerado igualmente uma das figuras mais próximas de Manuela Ferreira Leite. (E foi meu professor na UV 2009)

Diagnosticado em 2010 com cancro no pâncreas (ainda viveu 3 anos, o que até certo ponto é uma vitória) foi nomeado director do Departamento Europeu do FMI, tendo a sua saída sido apontada como resultado de incompetência (o que não me choca num paciente de cancro, especialmente desta estirpe).
As suas últimas declarações e a consultoria que prestou no âmbito das privatizações da RTP e CTT que resultou num contrato entre a Parpública e uma empresa, na qual António Borges tinha uma quota, valeram-lhe algum criticismo.

Faleceu esta madrugada com 63 anos.

É oficial: estamos em período autárquico

Essi Silva, 03.08.13
Há mais em Lisboa que a Baixa

Não será então de estranhar que tenha sido agora - num espaço de 4 anos de mandato - que a CML tenha decidido renovar as ruas da Baixa/Rossio. Embora as alterações tenham começado há algum tempo atrás, só agora a obra se desenvolve a todo o gás. 

É fantástico saber que para além de uma CML eficiente, também é rica. Sim, meus caros, nós teremos direito a lajes de pedra a pavimentar as ruas da baixa pombalina. 

Lisboa é uma cidade com uma dinâmica interessante, sempre com sítios "trendy" a surgir todos os dias, em especial nas zonas cliché da cidade - o que aconteceu com a renovação do Terreiro do Paço e dos respectivos estabelecimentos de restauração, ou com a "noite" do Cais do Sodré (para mim, a tentativa de afastar a noite do Bairro Alto é simplesmente ridícula).

 Mas ainda assim, a cidade parece morrer um pouco quando nos afastamos destes locais. 

Lembro-me dos restaurantes na Praça do Campo Pequeno que há uns anos dinamizavam a zona, provando que há mais em Lisboa que o Chiado, mas que por não serem "legais" foram removidas às ordens de Sá Fernandes. Aquele mesmo que foi responsável (e deveria ter sido punido adequadamente, nunca devendo representar os lisboetas em órgãos municipais)  por um desvio substancial dos custos do Túnel do Marquês, obra que se provou ser um trunfo para o tráfego rodoviário em Lisboa. 

É verdade, o período autárquico começou. E os meus apontamentos a 6 anos de mandato de António Costa também. 

Margareth Thatcher: The death of a Lady

Essi Silva, 08.04.13
Estive pelo menos 5 minutos a olhar para este espaço em branco, indecisa sobre o que deveria escrever numa análise à mítica figura da Dama de Ferro, que hoje partiu deste mundo.

De todas as lideres políticas que me inspiram, Thatcher era, sem duvida, a mais admirada. Não só pelo seu pulso, mas também pelos seus ideais políticos. 

Pertenceu a uma geração de grandes mulheres, que contra o preconceito e a tradição, sopraram ventos da mudança ao tomarem as rédeas não de uma Familia ou uma empresa, mas de uma nação. Foi forte e persistente, mesmo quando não era popular. Thatcher foi admirável, pelo menos, para mim.

Nascida em 1925, filha de merceeiros, é relativamente fácil perceber como o ambiente em que cresce - no qual o mérito, o trabalho, é a única fonte de proveitos - a influencia politicamente. 

Eleita deputada em '59, é convidada para a pasta da Educação em '70 após a vitória de Edward Heath, que eventualmente vem a desafiar internamente, levando-a à liderança em '75 do Partido Conservador, destaque nunca antes desempenhado por uma mulher. 


“O Socialismo não funciona”

É através desta premissa, que em 1979 vence as eleições e se torna na primeira mulher a desempenhar o cargo de Primeira-ministra daquele que era apontado como o "país doente da Europa". Foi, salvo erro, o mandato mais longo de um PM no Reino Unido.

Convicta que fora eleita para servir o seu país, começou o seu primeiro mandato com a árdua tarefa de contornar o declínio económico que assolava a Nação desde o desmembramento do Império Britânico pós-guerra. 

Com o propósito de reduzir a inflação, opta por medidas fiscais mais indirectas, como o aumento da taxa sobre o valor acrescentado e outros mecanismos para regular a inflação, a par da injecção de moeda. 

Faz frente ao IRA, defendendo a soberania do Reino Unido sobre o território da Irlanda do Norte; não conseguindo, no entanto, evitar um aumento substancial da taxa de desemprego, derivada maioritariamente da indústria, que ainda não se encontrava adaptada à redução na procura. 

Esta última questão, leva a que os apoiantes do seu antecessor peçam a sua cabeça, mas Thatcher aguenta-se; não sem um pouco de auxílio do seu Ministro William Whitelaw. 

E segundo documentos encontrados recentemente, do ponto de vista da sustentabilidade do Estado Social, Thatcher queria ser ainda mais radical do que foi: possivelmente pondo fim até ao Serviço Nacional de Saúde. 

As Falkland (Malvinas) e a reeleição 

A 2 de Abril de 82, uma junta militar Argentina invade as ilhas e outra província Britânica, cujo território a Argentina desde o séc. XIX reclama como seu. Reagindo de imediato, Thatcher envia tropas com o intuito de resolver o conflito por via diplomática, ou caso esta falhasse, com a expulsão dos invasores. O conflito escala mas a operação leva Argentina a render-se a 14 de Junho. 

A estabilização do sector económico e o sucesso da operação nas Falkland, vale-lhe a reeleição em 83. 

Destaca-se neste período a implementação de medidas que reduzissem o poder dos sindicatos, a tentativa de homicídio levada a cabo por uma célula derivada do IRA e um acordo com a República da Irlanda. 

Mas o legado, para mim, será o do caminho através das privatizações, empreendedorismo e liberalização do mercado. 

Éi uma das maiores aliadas de Reagan, numa política arriscada, de pulso forte face aos Russos na Guerra Fria. Mas não é nada de espantoso, analisando o seu carisma. 

O Braço de ferro com a CEE e a transformação em persona-non-grata

Por esta altura, "Maggie" já tem um catálogo fascinante de inimigos. Os russos, a Igreja (que lhe valeu a primeira derrota legislativa no Parlamento quando impediu que o comercio pudesse estar aberto aos Domingos), os Argentinos, os irlandeses, os sindicalistas, etecetera. Mas como se não chegasse, decide puxar as orelhas à CEE afirmando, que o Reino Unido dá mais à Comunidade, do que o que recebe.

Com a inflação a diminuir drasticamente, a produção a atingir níveis satisfatórios e o desemprego a afectar cada vez menos a população, Thatcher usa o seu sucesso como lema de campanha nas eleições de 87. 

Mas o sucesso económico orçamental de Nigel Lawson, em 87 está prestes a desabar. O Reino Unido tinha deixado de ser uma nação tão industrial, existindo um mar de oportunidades de emprego no sector de serviços. Mas Lawson não consegue equilibrar o boom que criou e a recessão acaba por bater à porta com a contracção na Economia no ano 1990.

O insucesso da sua política fiscal e económica no combate à inflação, que quase atinge os mesmos valores na sua saída, de quando entra, aliado a uma taxa "por cabeça" ao invés de se basear no rendimento, leva a um declínio abismal na sua popularidade.

No fim, não são os inimigos de "Maggie" que a levam a partir. São os amigos.
Quando em 1990, o seu opositor interno lhe tira a legitimidade e até o seu maior aliado abandona a pasta, Thatcher pede a demissão. 


Hoje, a mulher que andou de mão dada com Reagan e deitou a língua de fora aos russos; que fez frente aos sindicatos; pôs em causa o Welfare; sobreviveu a um atentado de bomba; deu uma coça aos argentinos; e repudiou uma Europa federal faleceu com 87 anos. 

* Desculpem qualquer erro, que isto de escrever com febre e com base numa Bio em inglês dificulta a precisão :)